Registro Espúrio: sobrinhos de Jovair Arantes eram parte do esquema
Deputado já foi citado em outras três investigações do Ministério Público Federal em Goiás
atualizado
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Líder do PTB na Câmara dos Deputados, Jovair Arantes é um dos alvos da Operação Registro Espúrio, deflagrada nesta quarta-feira (30/5) pela Polícia Federal (PF). Dois sobrinhos de Jovair foram presos. Leonardo Arantes, secretário-executivo do Ministério do Trabalho, e Rogério Papalardo Arantes, diretor de Orçamento e Estrutura Fundiária do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), foram detidos preventivamente.
Segundo a PF, cabia ao deputado e a Rogério Papalardo Arantes indicarem para cargos estratégicos da Secretaria de Relações do Trabalho os servidores que faziam parte do esquema. Leonardo Arantes teria chegado à chefia da Secretaria Executiva do Ministério do Trabalho por indicação do tio.
Apesar de nunca ter sido preso, Jovair Arantes vem sendo citado em investigações da Polícia Civil de Goiás e da Polícia Federal (PF) desde 2011. Atualmente, Arantes tem um processo em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF) e outro foi arquivado recentemente no mesmo tribunal superior.
Em 2011, o deputado foi acusado pelo Ministério Público Federal de Goiás (MPF-GO) de participação em um esquema que envolvia a indicação de cargos dentro do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e a concessão de aposentadorias irregulares. O parlamentar foi flagrado em interceptações telefônicas com o ex-gerente do INSS em Goiás José Aparecido da Silva. O caso foi arquivado pelo ministro do STF Gilmar Mendes.No ano seguinte, Jovair Arantes foi citado no relatório da Operação Monte Carlo, a qual investigou uma rede de jogos ilegais que operava máquinas de caça-níqueis em Goiânia. O petebista foi flagrado em ligação telefônica pedindo ajuda financeira ao bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Já em 2017, foi um dos investigados na Operação Porta Fechada, deflagrada pela Polícia Civil de Goiás, que apurou a venda de vagas no concurso público para delegado de polícia do estado. Jovair, segundo a investigação, comprou a aprovação de um dos seus assessores. Em novembro, a Polícia Civil goiana pediu autorização ao STF para dar andamento ao caso.
Futebol
O deputado é presidente do Conselho Deliberativo do Atlético Clube Goianiense, atualmente na Série B do Campeonato Brasileiro. O parlamentar é amigo próximo do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, José Maria Marin. Arantes, integrante da bancada da bola, tentou barrar a abertura da CPI do Futebol, em 2015.
No mesmo ano, Jovair apresentou emenda à Medida Provisória do Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut) para favorecer ainda mais os clubes de futebol que possuem dívidas milionárias com o governo federal. O deputado federal está em seu quinto mandato consecutivo na Câmara dos Deputados.
Procurado pela reportagem do Metrópoles, a assessoria de imprensa de Jovair Arantes não quis comentar as demais acusações e informou, em nota, que o petebista “se posiciona em consonância com o partido diante das investigações da Operação Registro Espúrio. “A Direção Nacional do PTB afirma que jamais participou de quaisquer negociações espúrias no Ministério do Trabalho e declara que, se for comprovado na Justiça o envolvimento no referido esquema investigado pela Polícia Federal, os culpados, se houver, devem assumir suas responsabilidades perante a sociedade”, afirma o comunicado.
A Operação Registro Espúrio
A Polícia Federal deflagrou a operação nesta quarta (30) com o intuito de desarticular a suposta organização criminosa. Os acusados teriam cometido fraudes na concessão de registros de sindicatos pelo Ministério do Trabalho.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), as fraudes incluíam direcionamento dos pedidos feitos pelas entidades. Para isso, os sindicatos pagariam valores, que chegam a R$ 4 milhões pela liberação de um único registro.
Ao todo a PF cumpriu 64 mandados de busca e apreensão, oito de prisão preventiva e 15 de prisão temporária (de até cinco dias). As ações foram cumpridos no Distrito Federal, São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais.
Em São Paulo, a polícia esteve ainda na Força Sindical e na União Geral dos Trabalhadores (UGT). Em Brasília, os gabinetes dos deputados foram alvos de busca e apreensão de documentos.