Reforma tributária: relator inclui cesta básica com alíquota zero
Após a publicação do novo relatório da tributária, Casa iniciou discussão da matéria. Votação, no entanto, deve ficar para quinta
atualizado
Compartilhar notícia
Em meio às longas negociações pela votação da reforma tributária na Câmara dos Deputados, o relator da matéria, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), divulgou, na noite desta quarta-feira (5/7), a nova versão preliminar do parecer. As discussões serão iniciadas na quinta (6/7) e a votação também pode começar no mesmo dia. Uma das principais alterações no texto é a criação de uma cesta básica nacional com alíquota zero.
Aguinaldo iniciou a leitura do relatório no plenário na noite desta terça. A votação, no entanto, deve ficar para quinta-feira (6/7). Na tribuna, o deputado exaltou a criação da cesta básica nacional com isenção de tributos. O tema era uma das divergências entre parlamentares, especialmente entre integrantes da bancada da agropecuária.
“Estamos criando a cesta básica nacional de alimentos. E essa cesta básica tem alíquota zero. É o que estamos colocando no texto, para que ninguém fique inventando alíquota e fique dizendo que a gente vai pesar a mão sobre pobre. Não posso crer que tem um parlamentar nesta Casa que pudesse votar contra os mais pobres”, disse Aguinaldo.
De acordo com o novo parecer, uma lei complementar deverá definir quais serão os produtos que farão parte da nova cesta. O tema causava divergências porque, de acordo com entidades do setor de alimentos, com as alterações nas regras tributárias, a carga sobre a cesta poderia aumentar, causando danos aos bolsos dos brasileiros.
O primeiro relatório havia sido divulgado por Ribeiro no final de junho. O texto, no entanto, não agradou prefeitos, governadores a uma parte dos parlamentares. Após sucessivas reuniões com os gestores e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), Ribeiro chegou a uma nova versão do parecer.
Outras alterações
Além da criação da cesta básica nacional com alíquota zero, o novo texto também reduz em 50% os impostos para medicamentos e produtos de cuidados básicos à saúde menstrual.
Dispositivos médicos e de acessibilidade para pessoas com deficiência também terão alíquotas reduzidas em 50%.
Dificuldades
Ao longo da semana, prefeitos e governadores se reuniram com o presidente da Câmara e com o relator do texto, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), para pedir alterações e até mesmo o adiamento da votação. Lira, no entanto, foi irredutível e decidiu manter a votação para esta semana.
Os gestores municipais e estaduais alegam que a matéria causará perda na arrecadação, gerando prejuízo aos cofres de cidades e estados.
Na noite de terça, governadores do Sul e do Sudeste também encontraram Aguinaldo Ribeiro para propor alterações no texto. Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, encontra Jair Bolsonaro (PL) nesta quinta para discutir a reforma.
A reforma
Entre os principais pontos da reforma tributária enviada ao Congresso pelo governo Lula, está a criação de um único imposto sobre consumo. A proposta cria o Imposto de Valor Agregado (IVA) dual, com duas frentes de cobrança para substituir cinco tributos.
Pelo modelo, os tributos federais (IPI e PIS Cofins) seriam substituídos por uma frente chamada Contribuição Sobre Bens e Serviços (CBS). Já os impostos estadual (ICMS) e municipal (ISS) seriam substituídos pelo Imposto Sobre Bens e Serviços (IBS).
Um dos pontos da reforma é a criação de um Conselho Federativo, formado por representantes de estados e municípios, que seria responsável pela arrecadação do IBS e por repassá-lo aos entes federativos.