Reforma de imóvel da filha do presidente Temer é alvo da PF e da PGR
O ministro do STF, Luís Barroso, determinou que seja ouvida Maria Rita Fratezi, esposa do coronel Lima, para dar explicações sobre a obra
atualizado
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A Operação Skala, deflagrada nessa quinta-feira (29/3), avançou na apuração sobre suspeitas em torno da reforma de um imóvel de Maristela Temer, filha do presidente da República, Michel Temer (MDB), dentro do Inquérito dos Portos. A pedido da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso determinou que fosse ouvida Maria Rita Fratezi, esposa do coronel Lima – amigo de Temer – e sócia na PDA Projeção e Direção Arquitetônica LTDA.
O interesse em ouvir Maria Rita Fratezi é explicar a “reforma de alto custo em imóvel da senhora Maristela Temer, filha do Excelentíssimo Senhor Presidente da República”, segundo Barroso. “Há informações sobre pagamentos de altos valores em espécie”, registrou o ministro.
Outro nome ligado à Argeplan que o ministro Barroso autorizou a Polícia Federal a ouvir é Almir Martins, contador da empresa. “Sua oitiva visa esclarecer a real capacidade operacional da empresa, bem como se de fato prestou ou ainda presta serviços para concessionárias de terminais portuários”, apontou Barroso.
“Capitalização”
Ao autorizar a Operação Skala, Barroso registrou que, para a Polícia Federal, a empresa Argeplan “tem se capitalizado” com recursos de empresas interessadas na edição do Decreto dos Portos e distribuído tais recursos para os demais investigados.
Barroso citou que a PF chegou a essa constatação na análise dos documentos colhidos tanto no Inquérito dos Portos, do qual é relator, quanto nos autos de um inquérito que já tramitou no Supremo sobre o setor portuário e hoje encontra-se arquivado – Temer foi investigado nesse caso.
Para a Polícia Federal, segundo Barroso, a análise conjunta dessas duas investigações “permite concluir que a Argeplan, agora oficialmente com o investigado João Batista Lima Filho como sócio, tem se capitalizado por meio do recursos provenientes de outras empresas – as interessadas no denominado Decreto dos Portos – e distribuído tais recursos para os investigados”.
Sobre a capitalização da empresa do coronel Lima, Barroso destaca que um relatório demonstra “crescimento exponencial da Argeplan nos últimos 20 anos, inclusive no setor nuclear, em parceria com a AF Consult do Brasil, o que se vê de um contrato no valor de R$ 160 milhões com a Eletronuclear para as obras da Usina Angra 3, cuja obtenção, segundo José Antunes Sobrinho, só teria ocorrido por ser a Argeplan ‘ligada a Temer’ e precisou subcontratar a Envegix porque não tinha capacidade para o serviço”.