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Reféns dos boletos: para 44% dos brasileiros, não sobra nada no fim do mês

Ampla pesquisa contratada pela CNI mostra ainda que 19% da população tem renda menor do que os gastos. Cenário afeta o consumo no país

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Vinícius Schmidt/Metrópoles
boletos e moedas
1 de 1 boletos e moedas - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O vocabulário da economia é árido e muitas vezes é difícil ligar as notícias sobre o sobe e desce do mercado financeiro com as contas da vida real. Mas uma pesquisa contratada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) ajuda a entender os efeitos de situações enfrentadas pelos brasileiros, como o aumento da taxa Selic, atualmente em 13,75%, o desemprego e a perda de renda.

Para se ter uma ideia, 44% conseguem pagar suas contas a duras penas. Porém, não sobra nada no final do mês. São reféns dos boletos.

De acordo com esse levantamento, feito presencialmente em todos os estados e no DF entre 23 e 26 de julho deste ano, para a maioria dos brasileiros não sobra nada ou até falta dinheiro no fim do mês. Situação que obriga as famílias a se endividar, vender bens, deixar de gastar com lazer e esquecer planos financeiros mais ambiciosos, como uma reforma na casa.

Os números revelam um mal-estar na população que afeta a capacidade do país de se recuperar de uma sequência de crises que têm limitado o crescimento do PIB. Apesar do conjunto de indicativos majoritariamente negativos, porém, 56% dos entrevistados são otimistas e acham que a situação vai melhorar até o final do ano; contra 16% que acham que ainda piora mais.

É um otimismo que contrasta com o número de entrevistados que perceberam piora em sua situação econômica nos últimos três meses: 42%. Outros 28% acham que ficou melhor e 29% acreditam que tudo esteve igual no último trimestre. A situação piorou principalmente para famílias que ganham menos. Entre os que têm renda de até um salário mínimo por pessoa, 55% acham que a situação piorou nos últimos três meses.

A pesquisa foi feita pelo Instituto FSB e entrevistou, presencialmente, 2.008 cidadãos com idade a partir de 16 anos, nas 27 Unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais e foi aplicado um fator de ponderação para corrigir eventuais distorções, que faz a soma dos percentuais variar de 99% a 101%.

Veja alguns destaques:

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Aperto no fim do mês

Para 19% da população, o mês é longo demais para todas as contas e alguns boletos deixam de ser pagos. Outros 44% até conseguem pagar as contas, mas não sobra nada para poupar ou fazer algum gasto extra, como comprar um presente para alguém querido ou jantar fora em um restaurante legal. Na soma, são 63%, ou dois a cada três brasileiros, para os quais não sobra nada ou falta dinheiro.

O impacto desse aperto é a falta de capacidade desses brasileiros de fazer a economia girar mais rápido. De acordo com a pesquisa, 60% dos entrevistados reduziram despesas com lazer; 57% desistiram de viajar a passeio ou férias; 50% deixaram de planejar compra ou reforma de imóvel; 34% atrasaram contas como água e luz; 19% deixaram de pagar plano de saúde; e 16% venderam bens pra pagar dívidas.

Isso significa que os aviões viajam mais vazios, os hotéis hospedam menos viajantes, os bares e restaurantes vendem menos refeições e drinks e as concessionárias de serviços públicos lidam com mais inadimplência – todo um círculo vicioso que torna mais lenta a recuperação econômica após forte retração ao longo dos piores momentos da pandemia de coronavírus.

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Em outras palavras, se há  aumento da inflação, o dinheiro passa a valer menos. A principal consequência é a perda do poder de compra ao longo do tempo, com o aumento dos preços das mercadorias e a desvalorização da moeda
Existem várias formas de medir a inflação, contudo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o mais comum deles
No Brasil, quem realiza a previsão da inflação e comunica a situação dela é o Banco Central. No entanto, para garantir a idoneidade das informações, a pesquisa dos preços de produtos, serviços e o cálculo é realizado pelo IBGE, que faz monitoramento nas principais regiões brasileiras
De uma forma geral, a inflação pode apresentar causas de curto a longo prazo, uma vez que tem variações cíclicas e que também pode ser determinada por consequências externas
No entanto, o que influencia diretamente a inflação é: o aumento da demanda; aumento ou pressão nos custos de produção (oferta e demanda); inércia inflacionária e expectativas de inflação; e aumento de emissão de moeda
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Inflação é o termo da economia utilizado para indicar o aumento generalizado ou contínuo dos preços de produtos ou serviços. Com isso, a inflação representa o aumento do custo de vida e a consequente redução no poder de compra da moeda de um país

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Em outras palavras, se há aumento da inflação, o dinheiro passa a valer menos. A principal consequência é a perda do poder de compra ao longo do tempo, com o aumento dos preços das mercadorias e a desvalorização da moeda

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Existem várias formas de medir a inflação, contudo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o mais comum deles

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No Brasil, quem realiza a previsão da inflação e comunica a situação dela é o Banco Central. No entanto, para garantir a idoneidade das informações, a pesquisa dos preços de produtos, serviços e o cálculo é realizado pelo IBGE, que faz monitoramento nas principais regiões brasileiras

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De uma forma geral, a inflação pode apresentar causas de curto a longo prazo, uma vez que tem variações cíclicas e que também pode ser determinada por consequências externas

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No entanto, o que influencia diretamente a inflação é: o aumento da demanda; aumento ou pressão nos custos de produção (oferta e demanda); inércia inflacionária e expectativas de inflação; e aumento de emissão de moeda

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No bolso do consumidor, a inflação é sentida de formas diferentes, já que ela não costuma agir de maneira uniforme e alguns serviços aumentam bem mais do que outros

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Isso pode ser explicado pela forma de consumo dos brasileiros. Famílias que possuem uma renda menor são afetadas, principalmente, por aumento no preço de transporte e alimento. Por outro lado, alterações nas áreas de educação e vestuário são mais sentidas por famílias mais ricas

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Ao contrário do que parece, a inflação não é de todo mal. Quando controlada, é sinal de que a economia está bem e crescendo da forma esperada. No Brasil, por exemplo, temos uma meta anual de inflação para garantir que os preços fiquem controlados. O que não pode deixar, na verdade, é chegar na hiperinflação - quando o controle de todos os preços é perdido

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Segurando os gastos

Foi perguntado aos entrevistados se têm gastado mais ou menos nos últimos meses e 64% responderam que cortaram gastos em julho, contra 35% que não reduziram. Entre os que reduziram, 46% cortaram muito.

Os entrevistados que disseram ter dívidas ou empréstimos foram 22%. Entre eles, praticamente a metade (48%) não está em dia com as prestações, o que encarece ainda mais a dívida por causa da soma de juros.

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