Recusa de pastor a depor no Senado dá “empurrão” para CPI do MEC
Gilmar Santos, envolvido na crise da pasta, informou à Comissão de Educação que não comparecerá à audiência marcada para esta quinta (7/4)
atualizado
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O senador Marcelo Castro (MDB-PI), presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal, revelou que recebeu, na noite desta quarta-feira (6/4), e-mail do pastor Gilmar Santos negando comparecimento à audiência para apurar a suposta existência de um sistema de favorecimento do qual ele faria parte no Ministério da Educação (MEC).
“Desta feita, informo que não comparecerei ao ato designado, estribado nas razões acima explicitadas. Por derradeiro, mais uma vez enalteço o trabalho exercido por essa Comissão, confiando na condução ética e escorreita de suas atividades”, comunicou o pastor.
Nas redes sociais, Castro ressaltou que uma eventual CPI do MEC pode ser “remédio amargo, porém, necessário”.
Veja:
Com a ausência confirmada do pastor Gilmar, na audiência da Comissão de Educação, nesta quinta-feira (7), a CPI do MEC está cada vez mais próxima de acontecer. Um remédio amargo, porém, necessário.
— Marcelo Castro (@MarceloCastroPI) April 7, 2022
Gilmar, junto ao também pastor Arilton Moura, são suspeitos de terem criado uma espécie de gabinete paralelo no MEC, com facilitação de verbas do FNDE para prefeitos por meio do pagamento de propinas. Alguns gestores locais já foram ouvidos pela comissão, como Gilberto Braga, de Luís Domingues (MA), que confirmou a cobrança de propinas no valor de R$ 15 mil e em barra de ouro para destravar as demandas do município junto ao Ministério da Educação.
Em oitiva aos senadores membros do colegiado, Braga narrou que esteve em uma agenda em Brasília, em 7 de abril do ano passado, para tratar da destinação de verbas do MEC para o município maranhense. Tratava-se de uma palestra na qual estava presente Arilton Moura, secretário da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros de Assembleias de Deus no Brasil Cristo para Todos.
Após o evento, o religioso teria convidado mais de 20 prefeitos presentes para irem almoçar. Foi nessa ocasião que teria ocorrido o pedido de propina, segundo Braga.
“O pastor Arilton Moura convidou todos os prefeitos para um almoço em um restaurante e disse que seria por conta dele. Foi quando o pastor Arilton virou para mim e quis saber minhas demandas; apresentei para ele e ele me disse: ‘Você vai me arrumar os R$ 15 mil para mim [sic] protocolar as suas demandas e, depois que o recurso já estiver empenhado, você, como sua região é de mineração, vai me trazer 1 kg de ouro’”, detalhou o gestor municipal aos senadores.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que todo requerimento de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que cumprir os requisitos necessários serão analisados, mas cobrou responsabilidade dos parlamentares.
“É preciso ter muita responsabilidade neste momento do Brasil, de muito esgarçamento entre instituições, momento em que se exige união nacional, temos um período eleitoral acirrado. É preciso ter cautela com instrumentos do Legislativo que possam soar com viés eleitoral. É essa responsabilidade que é preciso todos nós refletirmos e não estou me referindo especificamente a esta ideia da CPI do Ministério da Educação, mas a toda e qualquer iniciativa deste tipo”, declarou.