Recorde histórico: pobreza atinge quase 20 milhões nas metrópoles
Relatório aponta que 19,8 milhões de brasileiros das regiões metropolitanas entraram em situação de pobreza em 2021
atualizado
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Uma pesquisa aponta que a pobreza atingiu 19,8 milhões de brasileiros que vivem em regiões metropolitanas em 2021. O estudo leva em consideração pessoas que têm renda mensal per capita de aproximadamente R$ 465. Esse é o maior índice registrado desde o início da série histórica, iniciada em 2012.
Os dados constam na 9ª edição do Boletim Desigualdade nas Metrópoles, produzido pelo Observatório das Metrópoles, em parceria com a PUC do Rio Grande do Sul e a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL). O estudo é feito com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O índice revela um salto na taxa de pobreza entre o anos de 2020 e 2021 (de 19,3% para 23,7%), motivado principalmente pela interrupção no pagamento do Auxílio Emergencial, de R$ 600, no primeiro trimestre do ano passado. Além disso, houve uma redução na cobertura e no valor do benefício. Nesse período, cerca de 3,8 milhões entraram em situação de pobreza.
“A explicação é o que vinha acontecendo com a renda do trabalho, mas junto com isso teve a decisão do governo de interromper por três meses o pagamento do auxílio, em 2021. Isso foi gravíssimo e fez a pobreza explodir”, ressalta Andre Salata, um dos coordenadores do estudo e professor da PUCRS.
Queda na renda
Em 2021, a renda média dos 40% mais pobres que vivem em regiões metropolitanas atingiu o menor patamar da série. Em 2014, quando ocorreu o pico, o valor era de R$ 515. Caiu para R$ 492 em 2015 e, nos três anos seguintes, ficou em R$ 463. Em 2019, o valor subiu para R$ 470 e, depois, registrou queda em 2020, com R$ 460, chegando a 2021 em R$ 396.
A tendência da redução é observada em capitais como Rio de Janeiro, onde entre 2014 e 2021 a renda média caiu de R$ 535 para R$ 404. Em Recife, foi de R$ 354 para R$ 246, e Curitiba, de R$ 741 para R$ 581.
Aumento da pobreza
Desde 2014, a taxa de pobreza nas metrópoles teve um salto de 16% para 23,7%, o que representa a entrada de 7,3 milhões de brasileiros na linha da pobreza. Em relação à extrema pobreza, a taxa passou de 2,7% para 6,3%, representando um aumento de 2,1 para 5,2 milhões de brasileiros em situação de extrema pobreza.
Ao longo dos sete anos analisados, o percentual da população em situação de pobreza aumentou em todas as grandes cidades. As que tiveram maiores índices foram Manaus (41,8%), São Luís (40,1%), Recife (39,7%), João Pessoa (39,2%) e Macapá (38,3%).
Já as regiões metropolitanas em que se registraram as menores taxas foram São Paulo (17,8%), Distrito Federal (15,1%), Curitiba (13,1%), Porto Alegre (11,4%) e Florianópolis (9,9%).
As cidades que registraram maior índice de população em extrema pobreza foram Recife (13%), Salvador (12,2%), Manaus (11,1), João Pessoa (10,7%), e São Luís (10,1%), enquanto Belo Horizonte (3,5%), Porto Alegre (3,4%), Curitiba (2,5%), Vale do Rio Cuiabá (2,4%) e Florianópolis (1,3%) tiveram os menores.