Randolfe: depoimento de hacker deixa Bolsonaro “comprometido”
O hacker Walter Delgatti Neto comparece à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8/1, no Congresso Nacional
atualizado
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O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), avaliou que a “situação” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está “comprometida” com o teor do depoimento do hacker Walter Delgatti Neto à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8/1 nesta quinta-feira (17/8).
“Eu só sei que o ex-presidente está bem comprometido. Os elementos aqui colocados [na CPI] o comprometem muito. Não somente aqui, mas as outras acusações [de Bolsonaro]”, disse.
“Em nenhum momento na história brasileira tem algum precedente de um presidente da República oferecer indulto para o cometimento de um crime. Nunca em toda história nacional desde a nossa formação, isso não tem precedente. Nós imaginávamos que o fascismo fosse capaz de tudo. Hoje o fascismo mostrou sua real cara, assim que esse depoimento do seu Delgatti mostrou a cara abaixo do fascismo brasileiro”, afirmou.
Delgatti afirmou, nesta quinta, que o então presidente Bolsonaro ofereceu indulto para que ele cometesse um crime: a criação de um “código-fonte fake” para questionar a legitimidade das urnas eletrônicas. Segundo Delgatti, a proposta teria sido feita por um marqueteiro do PL, em uma reunião no Palácio da Alvorada, no ano passado.
De acordo com o depoente, durante o encontro, o marqueteiro sugeriu que ele simulasse falhas em uma urna eletrônica para instigar a população a questionar a legitimidade do processo eleitoral. A ação seria orquestrada em 7 de setembro do ano passado.
“A ideia dele era falar que a urna, se manipulada, sairia o mesmo resultado. Um código-fonte fake. Essa apresentação fake iria explicar à sociedade, a quem estivesse no dia 7 de setembro, que era possível aquela urna que eles veem na eleição imprimir outro voto. A ideia era essa”, explicou Delgatti.
Segundo o hacker, Bolsonaro disse que não entendia a parte técnica do funcionamento das urnas. Portanto, determinou que Delgatti fosse ao Ministério da Justiça, acompanhado do coronel Marcelo Câmara, para conversar com técnicos da pasta. O então presidente ainda assegurou que Delgatti receberia um indulto caso fosse incriminado.