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Quiosque onde congolês foi espancado até a morte tem alvará suspenso

O local na Barra da Tijuca, no Rio, está interditado. Parentes de Moïse Kabamgabe foram recebidos pelo prefeito Eduardo Paes

atualizado

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Fotografia colorida de Moïse
1 de 1 Fotografia colorida de Moïse - Foto: Reprodução

Rio de Janeiro – O alvará e o licenciamento do quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, foi suspenso pela Prefeitura do Rio, até que sejam apuradas as responsabilidades sobre a morte do congolês Moïse Kabamgabe, espancado até a morte no último dia 24/1 no endereço. No próximo sábado (5/1), uma manifestação organizada pela família e comunidade congolesa será realizada no local, às 10h.

Em nota, a Prefeitura do Rio informou que “tendo em vista que o crime ocorreu nas imediações dos quiosques alcançados pelo contrato de concessão firmado entre o município do Rio e a Orla Rio, a prefeitura informa que notificou a concessionária para que garanta a restrição temporária de funcionamento dos estabelecimentos”.

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Para escapar da violência e da fome no Congo, Moïse se mudou para o Rio de Janeiro em fevereiro de 2011, quando ainda era criança. Três anos depois, a mãe também passou a viver na capital fluminense
Moïse trabalhava como garçom, servindo mesas na praia, e recebia por diárias, em quiosque próximo ao Posto 8 da praia da Barra, na zona oeste da capital
 Moïse Kabagambe foi morto a pauladas, no final de janeiro, no quiosque onde trabalhava na Barra da Tijuca
Imagens da câmera de segurança do estabelecimento mostram Moïse conversando com funcionários do quiosque. Em determinado momento, os ânimos se acirraram, e um dos homens pega um pedaço de madeira.  Moïse tenta se defender com uma cadeira
O homem que ameaçou Moïse deixou o local e, momentos depois, retornou com outras cinco pessoas, que amarraram os pés e as mãos do rapaz, e o espancaram até a morte
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O congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, foi morto na segunda-feira (24/1), próximo a um quiosque na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro

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Para escapar da violência e da fome no Congo, Moïse se mudou para o Rio de Janeiro em fevereiro de 2011, quando ainda era criança. Três anos depois, a mãe também passou a viver na capital fluminense

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Moïse trabalhava como garçom, servindo mesas na praia, e recebia por diárias, em quiosque próximo ao Posto 8 da praia da Barra, na zona oeste da capital

Arquivo Pessoal
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Moïse Kabagambe foi morto a pauladas, no final de janeiro, no quiosque onde trabalhava na Barra da Tijuca

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Imagens da câmera de segurança do estabelecimento mostram Moïse conversando com funcionários do quiosque. Em determinado momento, os ânimos se acirraram, e um dos homens pega um pedaço de madeira. Moïse tenta se defender com uma cadeira

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O homem que ameaçou Moïse deixou o local e, momentos depois, retornou com outras cinco pessoas, que amarraram os pés e as mãos do rapaz, e o espancaram até a morte

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Segundo testemunhas, o jovem foi agredido por, pelo menos, 15 minutos. Pedaços de madeira e um taco de beisebol foram usados para desferir os golpes contra ele. Policiais encontraram o corpo de Moïse, amarrado e já sem vida, em uma escada

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Familiares do congolês só souberam da morte quase 12h depois do crime, na terça-feira (25/1). O jovem foi enterrado no Cemitério de Irajá, na zona norte da cidade

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Os familiares também atribuem o crime ao racismo e à xenofobia, que é o preconceito contra estrangeiros. Além disso, eles denunciaram que, quando foram retirar o corpo do jovem no Instituto Médico-Legal (IML), a vítima estaria sem os órgãos

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Perícia realizada pelo IML indicou que Moïse tinha várias "áreas hemorrágicas de contusão" e também vestígios de broncoaspiração de sangue. Testemunhas afirmaram que a vítima implorou para que não o matassem

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Até o momento, oito pessoas já foram ouvidas por agentes da Polícia Civil. Segundo a família, cinco investigados estavam envolvidos no assassinato de Moïse

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Na terça-feira (1º/2), um dos funcionários do quiosque se apresentou na delegacia e confessou ser um dos agressores. Segundo ele, os suspeitos tentaram evitar que o trabalhador agredisse um idoso, mas ninguém devia salário para a vítima

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Em nota ao Metrópoles, a Polícia Civil afirma que periciou o local e analisou imagens de câmeras de segurança. As diligências estão em andamento para identificar os autores

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As unidades já foram notificadas da decisão de interditar os espaços dos quiosques 62 A e 62 B na tarde desta terça-feira (1/2), sob o argumento de “garantir a proteção da população local e se mantendo em vigor até que seja verificado o atendimento das condições de segurança para reestabelecimento das atividades, em obediência às determinações previstas no termo de permissão de uso do local”.

Também nesta terça-feira (1/2), o prefeito Eduardo Paes recebeu em seu gabinete a mãe do rapaz, Ivone Lotsove, e os irmãos dele, Djojo e Kevin Lay, além de outros familiares e amigos, a quem ofereceu apoio e um pedido de desculpas.

“Gostaria de pedir desculpas em nome da população da minha cidade. A prefeitura não vai poupar esforços para auxiliá-los no que precisarem”, prometeu o prefeito.

Investigação do crime

No meio da tarde, Alisson Cristiano Alves de Oliveira Fonseca, um dos homens que aparecem nas imagens agredindo Moïse, prestou depoimento na delegacia de Bangu, na zona oeste, onde se apresentou. Alisson gravou um vídeo confessando que agrediu a vítima, mas disse que não tinha como objetivo matar o refugiado.

Também foram ouvidos pelos agentes da Delegacia de Homicídios um funcionário e o dono do quiosque, que não estava no local no momento do crime. Os nomes dos dois homens foram preservados pela polícia.

Aos agentes, o dono contou que havia apenas um funcionário no local e que “Angolano”, como o congolês era conhecido na praia, não trabalhava mais no quiosque havia um tempo e que não havia pagamentos pendentes.

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