“Quero tudo como se ele fosse voltar”, diz mãe de aluno morto em GO
Pais de João Vitor Gomes, de 13 anos, contam que o jovem era estudioso e obediente. Amigos na escola, ele e o atirador jogavam RPG juntos
atualizado
Compartilhar notícia
Uma das vítimas do adolescente de 14 anos que abriu fogo contra os colegas de classe na manhã da última sexta-feira (20/10), em Goiânia, era próximo dele: João Vitor Gomes, de 13 anos. Em entrevista exclusiva ao G1 e à TV Anhanguera, a mãe de João Vitor, a gestora de eventos Katiuscia Gomes Fernandes, de 40 anos, disse que o filho e o atirador estudavam há pelo menos quatro anos na mesma classe, eram amigos na escola e faziam trabalhos juntos, mas não frequentavam a casa um do outro.
“O João me falava que eles jogavam RPG no recreio. Eles também estavam fazendo um projeto da escola juntos. O João me falava que ele era engraçado”, detalhou a mãe.
Katiuscia contou que a voz do filho, registrada em vídeos, é a principal lembrança que guardará. A caixa de medalhas conquistadas por ele também é especial.
“Já estou com saudade. A gente conversava muito. A principal lembrança é a voz dele. Graças a Deus, eu tenho vídeo dele. Ontem eu pensei: ‘Meu Deus, nunca mais vou ouvir a voz do meu filho’. Mas, graças a Deus, tenho vídeos. Tenho muita foto maravilhosa. Eu abri a caixinha de medalhas dele hoje e tem tanta medalha lá dentro, de simulado”, disse.
A gestora de eventos também pretende manter tudo como o filho deixou em casa, antes da tragédia. “Por enquanto, eu quero tudo como está, como se ele fosse voltar, como se ele fosse chegar.”
Katiuscia e o marido, o analista de sistemas Fabiano Moreira Fernandes, de 43 anos, contam que João Vitor era um excelente aluno. Neste ano, havia tirado as melhores notas da turma do 8º ano do Ensino Fundamental em todos os simulados e se preparava para as Olimpíadas de Matemática.
“Era um filho obediente, muito estudioso, sério para aquilo que era para ser sério, como na escola e na catequese, mas muito brincalhão em casa, participativo, muito perfeccionista, humilde e sensível “, disse a mãe.
O pai do adolescente conta que o filho era a referência do irmão, de 11 anos. “Ele era sem defeitos. Além de filho, um grande amigo”, afirmou.
Katiuscia e Fabiano acreditam que os pais do atirador, ambos policiais militares, também são responsáveis pelo que aconteceu na escola, pois o adolescente tinha acesso a armas e sabia atirar.
“Não é revolta, é indignação. Os pais são tão ou mais culpados do que ele. A situação foi propícia, tinha uma arma ao alcance dele, ele sabia manusear a arma, não matou meu filho sozinho”, disse a mãe de João Vitor.