Quem é Xinxa da Cebola, filho de ex-deputado, preso por agiotagem
Xinxa da Cebola foi preso na Operação Duplo X, deflagrada pela PF. Segundo a corporação, ele levava vida de luxo e ostentava nas redes
atualizado
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Vida de luxo com passeios de lancha e helicóptero, cavalos de raça, carros importados, fotos com famosos e viagens. As redes sociais do empresário Xinxa Góes de Siqueira, mais conhecido como Xinxa da Cebola, são repletas de imagens que mostram um contexto de riqueza.
Empresário do setor alimentício em Pernambuco, ele foi preso nessa quarta-feira (31/7) na Operação Duplo X, deflagrada pela Polícia Federal (PF). Ele é suspeito de chefiar uma quadrilha com esquemas de lavagem de dinheiro, agiotagem e sonegação fiscal. O grupo teria movimentado R$ 70 milhões nos últimos cinco anos.
Filho do ex-deputado estadual Apolinário Siqueira, o suspeito é de uma família tradicional de Pesqueira, no Agreste de Pernambuco. Em participação no Podcast do GS, no YouTube, ele afirmou ter nascido em berço de ouro.
“Eu nasci em berço de ouro. Meu pai foi deputado, um dos maiores empresários do estado de Pernambuco”, declarou Xinxa na entrevista, também exaltando a amizade da família com políticos influentes no estado.
Falecido, o pai dele exerceu dois mandatos parlamentares na Assembleia Legislativa de Pernambuco: de 1963 a 1967, pelo Partido Republicano; e de 1964 a 1971, pela Arena — partido que apoiou o golpe militar de 1964 e a ditatura, que vigorou no Brasil até 1985.
Segundo Xinxa, Apolinário Pessoa de Siqueira tinha 21 filhos, e ele foi o escolhido para herdar o apelido que acompanhou a família desde o bisavô, associado à produção e venda de cebola: “Xinxa da Cebola”.
Ainda de acordo com Xinxa, o pai, conhecido como “rei da cebola do Brasil”, foi dono de boxes de comércio de hortifrúti em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Contagem (MG) e no Recife.
Empresário com vida luxuosa
O principal negócio do empresário é uma transportadora de produtos de hortifrúti, a “Xinxa, o rei da cebola”, que fica no Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa), no bairro do Curado, na Zona Oeste do Recife. O empreendimento transporta itens como batata, alho e cenoura, além de cebola — produto que também era comercializado pelo pai.
A empresa é registrada na Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe) como Essencial Transportadora & Comércio de Hortifrutigranjeiros Ltda. e está em atividade desde 21 de novembro de 2008.
De acordo com o delegado Márcio Tenório, a vida que o suspeito ostentava nas redes sociais chamou a atenção dos policiais federais.
No Instagram, ele se apresenta como “Chelsea”, e costuma postar fotos com carros de luxo. Um de seus preferidos é uma Ferrari vermelha, chamada de “Dama de vermelho”. Em um vídeo, o veículo aparece em frente a um restaurante, na Avenida Boa Viagem, com outra Ferrari atrás. Também há fotos com automóveis de outras marcas, como Range Rover, Mercedes-Benz e Porsche.
As investigações da PF apontam que Xinxa mantinha uma loja de carros luxuosos em Fortaleza, registrada no nome de uma pessoa ligada a ele, possivelmente um laranja. Os veículos apreendidos pela operação no local são avaliados em mais de R$ 30 milhões.
Outro crime investigado pela Polícia Federal é o empréstimo e aluguel de armas feitos por Xinxa, que tem o registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC).
Ostentação e celebridades
Nas redes sociais, são frequentes os registros do empresário com influenciadores e artistas famosos. Entre eles estão Nattan, Belo, Wesley Safadão, Ney Silva, Rodrigo Faro e Anderson Leonardo, cantor do Molejo que morreu em abril deste ano.
Outras fotos mostram Xinxa em viagens pelo Brasil em hoteis de alto padrão, além de passeios de helicóptero, lancha e cavalos de raça.
Entre os destinos turísticos que aparecem nas redes sociais dele estão as praias de Balneário Camboriú (SC) e Salinópolis (PA), além dos estádios Mineirão, em Belo Horizonte, e Beira-Rio, em Porto Alegre.
Durante participação em outro episódio no mesmo podcast, do GS, no YouTube, Xinxa foi questionado sobre o envolvimento em brigas em bares no Recife. Na ocasião, ele negou ter provocado os conflitos; um deles, em um bar da Zona Sul da capital pernambucana, em 2022, com um ex-policial.
Em outro trecho do mesmo programa, ele diz que não estava com seguranças no momento das brigas porque só andava com eles quando lidava com “coisas altas”.