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Quem é o líder do CV que mandou matar candidata e soldado do Exército

Norivaldo Cebalho Teixeira, o Véio, é apontado como o mandante de assassinatos no oeste do Mato Grosso. Ele está preso em Cuiabá

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Imagem colorida de Norivaldo Cebalho Teixeira, o Véio, considerado o líder do Comando Vermelho no oeste do Mato Grosso
1 de 1 Imagem colorida de Norivaldo Cebalho Teixeira, o Véio, considerado o líder do Comando Vermelho no oeste do Mato Grosso - Foto: Arte/Metrópoles

O duplo assassinato da candidata a vereadora Rayane Alves Porto e da irmã dela, Rithiele Alves Porto, por faccionados do Comando Vermelho (CV), no oeste do Mato Grosso, colocou em evidência a identidade do suposto mandante. Segundo a polícia, trata-se de Norivaldo Cebalho Teixeira, conhecido como “Véio”, “Tuta” ou “Mercúrio”.

Ele é um velho conhecido da polícia do estado e é considerado o líder do CV nos municípios de fronteira, a exemplo de Porto Esperidião, onde as irmãs foram mortas. Preso desde 2022 em decorrência do assassinato de um soldado do Exército em Cáceres (MT), “Véio” teria conduzido a tortura e a morte das irmãs direto da cadeia, por uma chamada de vídeo que durou cerca de 3 horas.

Norivaldo está detido na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, e é apontado como um detento de alta periculosidade. Em 2022, ele foi acusado de ser o mandante do assassinato do soldado Thiago de Brito de Almeida, de 19 anos. O jovem foi morto enquanto jogava basquete com amigos numa praça do bairro Cohab Nova.

O local era alvo de disputa, à época, entre o CV e o Primeiro Comando da Capital (PCC). O rapaz não tinha qualquer relação com os grupos criminosos e chegou a dizer isso aos faccionados que o abordaram, alegando que era militar, mas de nada adiantou. Ao correr, com medo de ser morto, ele foi perseguido e alvejado nas costas.

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Thiago de Brito de Almeida tinha apenas 19 anos
Jovem mudou de cidade para servir o Exército em Cáceres (MT). Ele morava com o avós.
Thiago estava no primeiro ano como soldado do Exército.
Arma utilizada para matar o soldado era de fabricação argentina
Rayane Alves Porto, de 25 anos, era candidata a vereadora em Porto Esperidião (MT). A irmã Rithiele Alves Porto, 28, também foi assassinada
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Norivaldo Cebalho Teixeira, o "Véio", está preso na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá (MT)

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Thiago de Brito de Almeida tinha apenas 19 anos

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Jovem mudou de cidade para servir o Exército em Cáceres (MT). Ele morava com o avós.

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Thiago estava no primeiro ano como soldado do Exército.

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Arma utilizada para matar o soldado era de fabricação argentina

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Rayane Alves Porto, de 25 anos, era candidata a vereadora em Porto Esperidião (MT). A irmã Rithiele Alves Porto, 28, também foi assassinada

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Jovem tinha 25 anos de idade

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Rayane era candidata a vereadora pela primeira vez em Porto Esperidião (MT)

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Foto das irmãs Rayane Alves e Rithiele Alves que teria motivado a morte delas por faccionados do Comando Vermelho

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Casa no Centro de Porto Esperidião (MT), onde ocorreram os assassinatos da candidata Rayane Alves e da irmã dela

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Conselheiro do Comando Vermelho

Ao ser interrogado sobre o caso, Norivaldo deu detalhes sobre a sua atuação nos municípios da região. Ele é natural de Cáceres, tem 41 anos de idade e diz ser membro do CV desde 2012. Na ficha cadastral, “Véio” aparece como vaqueiro e ajudante de pedreiro. No relato à polícia, no entanto, ele afirma que entrou na facção ainda no início e que, por isso, não possui um padrinho interno.

Conforme o depoimento ao qual o Metrópoles teve acesso, Norivaldo relatou que existem 36 conselheiros gerais do Comando Vermelho no Mato Grosso e que ele atua como tal no oeste do estado, de forma que chega a receber um valor de comissão das vendas do tráfico nas cidades de Porto Esperidião, Nova Lacerda, Campos de Júlio e Sapezal.

Enquanto conselheiro, a responsabilidade dele é repassar informações sobre a presença do CV nas cidades para o conselho superior da organização criminosa. Na hierarquia local, ele seria o gerente da disciplina, ou seja, aquele encarregado pelas punições e “julgamentos”.

O relato de Norivaldo foi registrado em maio de 2022, quando a disputa entre PCC e CV por cidades de fronteira no Mato Grosso estava no auge. Ele disse, por exemplo, que a ordem interna era que faccionados do grupo rival e traficantes que não vendiam drogas no Comando deviam morrer.

A Justiça chama isso de “autoria de escritório” ou autor intelectual. Por mais que Norivaldo não tenha sido o autor imediato dos crimes, ele é apontado nos autos como quem possuía o domínio dos fatos e, “sob seu mando, diversas vidas foram ceifadas, em brutal contexto de rixa e rivalidade entre as facções”.

“Véio” suspeitou das intenções de candidata

As irmãs Rayane e Rithiele tiveram as mortes decretadas pelo líder do CV, segundo a polícia, por causa de uma foto publicada pela candidata a vereadora nas redes sociais, uma semana antes. A imagem mostra elas em um momento de lazer em família no Rio Jauru, em Porto Esperidião.

No entendimento de Norivaldo, os sinais feitos pelas duas irmãs com a mão, mostrando “três dedos”, simbolizavam o símbolo da facção rival (PCC). Desde então, elas ficaram marcadas pelos faccionados. A foto circulou no grupo de WhatsApp do CV e a ordem foi dada. Mechas de cabelo e dedos das vítimas foram cortados antes de elas serem mortas.

Durante a abordagem, tortura e assassinato das irmãs, “Véio” manteve contato com os faccionados por chamada de vídeo. O namorado de Rithiele, que conseguiu fugir da casa para onde elas foram levadas e buscou por socorro, disse que Norivaldo falava coisas sem sentido e dizia que Rayane queria roubar o poder dele na região.

A investigação segue em sigilo e nada foi confirmado, até então, sobre a possível relação das vítimas com o PCC. O namorado de Rithiele disse, no interrogatório, que as irmãs não tinham ligação com grupos criminosos e que o símbolo feito com as mãos remetia ao “rock”, somente.

Norivaldo foi isolado no presídio

Após a descoberta da chamada de vídeo e da suposta participação de Norivaldo no assassinato de Rayane e Rithiele, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) do Mato Grosso adotou medidas em relação ao preso. Ele foi isolado dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE) e teve a cela vasculhada pela investigação.

Além disso, de acordo com as informações do órgão, foi instaurado um procedimento administrativo para apurar as questões relacionadas ao acesso de celular dentro do presídio.

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