Quem é o ex-sindicalista que Lula escalou para negociar com servidores
José Feijóo foi dirigente da CUT e trabalhador da Ford. Lula classificou o secretário de “duro” e “preparado” para negociar com servidores
atualizado
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Ainda no começo de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escalou o ex-sindicalista José Lopez Feijóo para ser o principal negociador direto com o funcionalismo público. Feijóo é secretário de Relações de Trabalho do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), chefiado pela ministra Esther Dweck, e é quem faz a interlocução direta com as entidades dos servidores nas demandas por reajuste e também nos acordos de greves.
Espanhol naturalizado brasileiro, Feijóo chegou ao Brasil em 1953, aos três anos de idade. Foi metalúrgico na Ford, empresa em que coordenou a primeira Comissão de Fábrica da montadora, em 1982. Entre 1999 e 2002, foi secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. No ano seguinte, assumiu a presidência do sindicato, sucedendo o então presidente Luiz Marinho, hoje ministro do Trabalho. Feijóo presidiu o sindicato por seis anos, até 2008.
Foi eleito secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em 1990 e, depois, vice-presidente da Central em 2006. Ele integra o círculo do presidente Lula há décadas, tendo participado do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão.
Feijóo também exerceu cargos no governo Dilma Rousseff, quando foi assessor especial da Secretaria-Geral da Presidência da República e secretário especial do Trabalho do Ministério do Trabalho e Previdência Social.
Na condição de representante do governo, ele ainda coordenou negociações com empresas da indústria da construção civil, sindicatos patronais do setor, centrais sindicais e federações e confederações de trabalhadores da construção.
Atuou também no acordo entre o sindicato dos trabalhadores aeroportuários, a Infraero e a Secretaria Nacional da Aviação Civil para preservação de direitos dos trabalhadores do setor no processo de concessão dos aeroportos.
Na última terça-feira (23/4), em café com jornalistas, Lula deu uma sinalização aos servidores de que vai buscar atender a demanda por reajuste e ressaltou que “ninguém será punido neste país por fazer uma greve”. “Eu acho que [greve] é um direito legítimo, só que eles [servidores grevistas] têm que compreender que eles pedem o quanto eles querem, a gente dá quanto a gente pode”.
O petista ainda elogiou seu negociador. “Eu queria que vocês soubessem que, desta vez, nós colocamos para ser o negociador do governo nada mais, nada menos do que um companheiro chamado Feijóo. O Feijóo foi sindicalista de São Bernardo do Campo, foi trabalhador da Ford, foi presidente da CUT… Pense num galego ‘porreta’, pense num cara preparado. Possivelmente é o dirigente sindical, do ponto de vista orgânico, mais preparado que a gente tem no Brasil. É ele que nós colocamos para negociar greve”, disse.
Negociador duro
O petista reconheceu que Feijóo é “duro”, mas ressaltou sua disposição para negociar. “O pessoal fala: ‘O Feijóo é duro’. Pois é, ele é duro porque ele conhece. Ele é duro porque ele já viveu o outro lado. Ele é duro porque já fez muita greve. Ele é duro porque já apanhou da polícia. Ele é duro porque já perdeu o emprego. Ele é duro, mas sempre com a disposição de negociar.”
Em caráter reservado, representantes dos servidores dizem saber com quem estão lidando, por conhecerem o histórico do secretário. “Ele não tem pouca experiência não, tem trajetória”, reconheceu um deles.
Na sexta-feira passada (19/4), ao comentar a expectativa para acordo com o funcionalismo no reajuste de benefícios, ele foi incisivo ao dizer que esperava uma maioria “expressiva de servidores” a favor do termo de compromisso para que a correção seja feita.
“Vai pela maioria, dependendo do tamanho da maioria. Porque também tem uma coisa que nós temos que deixar claro. A lógica de: ‘Eu me faço de combativo e não aceito’, lastreada que outros vão aceitar e portanto tem que dar para todo mundo, aqui não pega. Então, tem que ser uma maioria expressiva”, disse ele em entrevista.