Quem é Bruno Covas, prefeito reeleito de São Paulo que busca renovar o PSDB
Tucano supera o adversário Guilherme Boulos (PSol) e consolida carreira com primeira vitória em eleição majoritária
atualizado
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São Paulo – Moderado e discreto, Bruno Covas, reeleito prefeito de São Paulo neste domingo (29/11), já é considerado um símbolo de renovação em seu partido, o PSDB, e tenta se mostrar como um “político técnico”. A vitória nas urnas em sua primeira eleição majoritária como cabeça de chapa representa um grande passo para a consolidação na cena política do neto do ex-governador Mário Covas, que termina o atual mandato sem grandes marcas em sua primeira gestão.
Covas, hoje com 40 anos, foi eleito vice-prefeito em 2016 e assumiu a Prefeitura de São Paulo em abril de 2018, quando João Doria, também do PSDB, deixou o cargo para concorrer ao governo do estado. Antes disso, Covas foi deputado estadual (2007-2010), secretário estadual de Meio Ambiente durante a gestão de Geraldo Alckmin no governo do estado, entre 2011 e 2014, e deputado federal (2015-2017).
“O candidato sou eu”, repetiu diversas vezes Covas durante a campanha, quando era questionado sobre a ausência de Doria – dono de um elevado índice de rejeição – em sua agenda e programa eleitoral. Na eleição estadual, Doria venceu, mas foi menos votado na capital do que o adversário Márcio França (PSB), que era um dos concorrentes à prefeitura e chegou em terceiro no primeiro turno.
O prefeito também fez questão de afirmar, em programa eleitoral, que tem orgulho de ser político, na contramão do governador, que se apresentava nas propagandas das eleições em 2016 como gestor, tentando surfar uma onda antipolítica.
O candidato reeleito também iniciará o segundo mandato sob o peso da promessa de cumprir os 4 anos e não deixar o cargo para concorrer a outro, como fizeram seus antecessores tucanos no cargo, João Doria e José Serra.
Veja imagens da campanha de Covas à reeleição.
Alianças e preços
Covas foi eleito com uma coalizão formada com outros 10 partidos (MDB, DEM, PP, PL, Cidadania, Podemos, PSC, PROS, PV e PTC). O apoio das legandas lhe custou a escolha do vice na chapa, o vereador Ricardo Nunes (MDB), que se tornou uma pedra no sapato durante a eleição. No PSDB, o desejo era por uma chapa “puro sangue”
Nunes foi acusado de violência doméstica, injúria e ameaça feitas, em 2011, contra sua esposa, Regina Carnovale, e é investigado pelo Ministério Público por suposto superfaturamento no aluguel de creches privadas que mantêm convênio com a prefeitura. A própria esposa fez uma denúncia na polícia contra Nunes, mas depois a retirou e agora, na campanha, disse que nem se lembrava do episódio.
O prefeito saiu em inúmeras vezes em defesa do vice, assim como dos apoios recebidos durante o segundo turno, como de Celso Russomanno (Republicanos) e Joice Hasselmann (PSL). “Apoio não se nega”, respondia Covas, sempre que era confrontado sobre as divergências com os novos aliados.
No novo mandato, porém, deve ter de reacomodar essas forças. A ala de Russomanno no Republicanos participou da primeira gestão, indicando cargos no Procon municipal, e deve tentar cavar espaço novamente, apesar de o clima ter pesado entre os dois candidatos na campanha, quando o candidato que derretia nas pesquisas chegou a dizer que Covas poderia não terminar o mandato e questionou seu estado de saúde.
Frases prontas
Como Covas tem o perfil realmente discreto, sua campanha não fugiu de um certa mesmice e foi marcada por clichês como “não tenho problema de mostrar o apoio do Doria, mas o candidato sou eu” e “essa eleição não é o terceiro turno de 2018 ou uma antecipação de 2022”, usados em respostas a perguntas mais difíceis.
Sem uma grande marca na primeira gestão, como o Cidade Limpa de Gilberto Kassab (PSD), o prefeito parte para um novo mandato com promessas de campanha de construção de mais moradias populares e piscinões para combate a enchentes, ampliação de vagas em creches, redução de filas para exames e a continuidade de planos de concessões.
Mas o grande desafio, segundo Covas, ainda é a pandemia do novo coronavírus e seus impactos econômicos. Uma eventual segunda onda da doença – que hoje é negada pelo prefeito – também deve levar a uma uma retomada de medidas mais restritivas de isolamento.
Perfil
Covas tem ainda como grande referência o seu avô, com quem foi morar em 1995 na ala residencial do Palácio dos Bandeirantes, para estudar no Colégio Bandeirantes, um dos mais tradicionais da capital paulista.
Covas nasceu em Santos, no litoral paulista, mas se mudou para a capital na adolescência. É formado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e também em Economia na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Divorciado desde 2014, o prefeito mora na Barra Funda com o filho Tomás, 15 anos. Desde outubro de 2019, Bruno Covas luta contra um câncer na cárdia, região entre o esôfago e o estômago.
Na reta final da campanha, Bruno Covas concedeu entrevista exclusiva à jornalista Rachel Sheherazade para o Metrópoles Entrevista. Na conversa ele respondeu a perguntas sobre a doença, sobre a corrida à prefeitura e sobre os desafios da cidade, como a Cracolândia. Veja: