Quem é a madrinha de Carnaval investigada por ligação com milícia
A madrinha de escola de samba Thay Magalhães exercia três cargos comissionados pelo governo simultaneamente em 2019
atualizado
Compartilhar notícia
A madrinha do Acadêmicos de Niterói, Thaianna Cristina Mesquista, mais conhecida como Thay Magalhães, alvo de investigações por um suposto envolvimento com a alta cúpula dos integrantes da milícia do Tandera — segundo maior grupo criminoso do estado —, é formada em odontologia e tentava crescer no mundo da política.
O nome dela foi citado durante as investigações do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) em conjunto com a 48º Delegacia de Polícia (Seropédica), nessa quarta-feira (3/5). As investigações mostram que Thay e outros três pré-candidatos negociaram apoio com o miliciano Tandera durante as eleições municipais de 2020.
A entrada na política começou em outubro de 2018, quando ela foi nomeada pelo prefeito de Belford Roxo, Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, para integrar uma Comissão Especial de Credenciamento de Serviços de Saúde para Contratação de Prestadores de Serviços para Secretaria de Saúde do município. Thay deixou o cargo após sete meses, em maio de 2019.
Mais cargos
Além do cargo na Prefeitura de Belford Roxo, Thay também foi nomeada pelo deputado André Ceciliano (PT-RJ) para atuar como assessora parlamentar V, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), e como secretária parlamentar no gabinete do deputado federal Márcio Labre (PSL/RJ) — onde ficou até junho de 2020. Ou seja, em 2019, ela exerceu três funções no governo simultaneamente.
Em 2020, ela pediu exoneração do cargo no gabinete do deputado Márcio Labre para se candidatar à Prefeitura de Mesquita. No entanto, Thay ficou em terceiro lugar e não conseguiu se eleger. Porém, ganhou um cargo comissionado na Casa Civil do Governo do Estado em fevereiro de 2021.
Contudo, em agosto de 2021, a Coluna do Leo Dias mostrou que Thay, então Rainha de Bateria da Paraíso do Tuiuti, era funcionária fantasma na Secretaria da Casa Civil. Ela ganhava um salário de R$ 8 mil. Nas redes sociais, Thay mostra rotina fitness e procedimentos estéticos.
Entenda a operação
A Operação Epilogue do MPRJ prendeu, na quarta-feira (3/5), seis pessoas e cumpriu 25 mandados de busca e apreensão contra integrantes da “milícia do Tandera”, que atuam principalmente nos municípios do Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, Queimados e Seropédica.
De acordo com as investigações, a organização criminosa é responsável por extorsões, homicídios, torturas, ameaças, grilagem de terras, agiotagem, exploração ilegal de areais, lavagem de dinheiro, entre outros crimes.
A participação da madrinha de escola de samba foi identificada por meio de quebra de sigilo de dados telemáticos, autorizadas judicialmente. Em uma gravação entre a alta cúpula da organização criminosa e pré-candidatos à prefeitura dos municípios de Nova Iguaçu, Queimados e Seropédica.
Em troca do apoio da milícia Tandera em suas campanhas eleitorais, os pré-candidatos prometeram cargos em secretariais, nomeações para cargos públicos e licitações fraudulentas. Todos os envolvidos foram denunciados pela prática do crime de organização criminosa.