Queiroga diz que analisará recurso contra nota que defende cloroquina
Documento assinado por secretário da pasta gerou reações de entidades médicas por afirmar que vacina não tem eficácia, e cloroquina sim
atualizado
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O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, esquivou-se nesta segunda-feira (24/1) de se posicionar sobre o mais novo embate ideológico envolvendo integrantes da pasta. Ao ser questionado por jornalistas sobre a nota técnica da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE), que afirma que a cloroquina é eficaz para tratamento contra a Covid-19 e as vacinas não, ele respondeu que “os fatos são mais importantes que as narrativas”.
A nota técnica elaborada pelo titular da SCTIE, Hélio Angotti Neto, defensor do tratamento precoce, foi divulgada depois de ele ter rejeitado as diretrizes aprovadas pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias ao Sistema Único de Saúde (Conitec), que não recomendavam o uso de remédios do chamado kit Covid.
Angotti usou, como argumento, o “respeito à autonomia profissional” e a “necessidade de não se perder a oportunidade de salvar vidas”. Além disso, ele acusou a elaboração dos estudos de seguir um “possível viés na seleção de estudos e diretrizes” e afirmar que o processo de formulação dos documentos foi marcado por “inadequações, fragilidades e riscos éticos”.
Agora, os coordenadores do estudo aprovado pela Conitec pretendem enviar um recurso diretamente ao ministro Marcelo Queiroga, até quarta-feira (26/1) ou quinta-feira (27/1) desta semana. O documento responderá a todos os pontos argumentados na nota técnica, explicaram ao Metrópoles os pesquisadores envolvidos.
“Não tenho dúvida de que, no momento oportuno, diante do recurso, analisando quais são os temas ali trazidos à baila pelos recorrentes, o ministro da Saúde tomará a decisão conveniente, oportuna e de acordo com a política que o ministério tem feito, que é baseada na transparência, publicidade, impessoalidade e legalidade”, afirmou Queiroga.
“É uma recomendação”
O ministro esclareceu, ainda, que a “elaboração de uma diretriz terapêutica passa pela recomendação da Conitec, que não é taxativa, é uma recomendação, e quem decide é o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Ele fez a decisão, e da decisão dele cabe recurso, e o recurso vem ao ministro”.
Em entrevista ao Metrópoles, o pneumologista e professor da Universidade de São Paulo (USP) Carlos Carvalho, convidado pelo próprio ministério para coordenar os estudos, afirma que “os argumentos [utilizados pelo secretário na nota técnica] foram requentados, parecem a opinião pessoal dele ou de algum grupo ligado a ele”.
