Queiroga diz desconhecer relatório da Conitec que rejeita kit Covid
Segundo o documento, a maior parte dos medicamentos analisados não possui evidências científicas de eficácia contra a Covid-19
atualizado
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O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, subiu o tom, nesta sexta-feira (8/10), ao ser questionado pelo Metrópoles sobre a sua posição referente ao kit Covid. O questionamento fez referência ao documento elaborado por técnicos da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) que atesta que nenhum dos medicamentos do kit Covid deve ser utilizado para tratar pacientes com suspeita ou diagnóstico de Covid-19. Em resposta, o ministro afirmou que desconhece o documento.
“Desconheço esse documento”, disse o ministro, que irritado afirmou: “A minha posição já está clara, todo mundo já sabe qual é e é necessário destruir narrativas. Esse documento, que eu não li ainda, se ele vazou foi de maneira inadequada. São documentos sigilosos”.
O relatório, intitulado de Diretrizes Brasileiras para Tratamento Medicamentoso Ambulatorial do Paciente com Covid-19, seria votado pelo plenário da Conitec na quinta-feira (7/10). Porém, o documento foi retirado de pauta a pedido do Ministério da Saúde.
O Metrópoles teve acesso ao estudo, que analisou 10 grupos de medicamentos: anticoagulantes, azitromicina, anticorpos monoclonais, budesonida, colchicina, corticosteroides sistêmicos, cloroquina/hidroxicloroquina, ivermectina, nitazoxanida e plasma convalescente.
A conclusão dos técnicos responsáveis pela análise é de que “não foi recomendado ou sugerido o uso de nenhum dos medicamentos avaliados em pacientes com suspeita ou diagnóstico de Covid-19 em tratamento ambulatorial”.
Segundo o documento, a maior parte dos medicamentos analisados não possui evidências científicas suficientes para comprovar os benefícios do uso em pacientes com Covid-19. A comissão recomendou o “abandono” do uso de fármacos como azitromicina e hidroxicloroquina, fortemente defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
De acordo com o grupo de técnicos, o governo federal deve priorizar a alocação de recursos para compras de remédios e produtos com “maior certeza de benefício”, como equipamentos de proteção individual e vacinas.
“Como aspecto positivo, diversas terapias ineficazes foram descartadas, de forma a promover a economia de recursos com o abandono de seu uso, como o caso da azitromicina e da hidroxicloroquina. Sobre a questão de custos, em termos de saúde pública, é importante salientar que, em um cenário de epidemia, a alocação de recursos deve ser priorizada para intervenções com maior certeza de benefício, como o caso de equipamentos de proteção individual, vacinas, intervenções para o suporte ventilatório dos pacientes e terapias medicamentosas com efetividade comprovada”, pontuaram os técnicos.