“Quebraram dente”: presa, suspeita de matar gêmeas denuncia agressão
Suspeita de matar as filhas gêmeas envenenadas no RS, mãe relata agressões físicas e verbais supostamente realizadas por policias penais
atualizado
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![Foto colorida e borrada de suspeita mostrando o dente quebrado após agressões em presídio - Metrópoles](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2025/01/16114934/gemeas-mortas-RS-1.jpg)
Presa há mais de 90 dias suspeita de matar as filhas envenenadas, a mãe das gêmeas de 6 anos que morreram em um intervalo de oito dias, em Igrejinha (RS), afirma ter sofrido uma série de agressões físicas e verbais por policias penais, que teriam ocorrido no Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp), em Porto Alegre.
O Metrópoles teve acesso à denúncia feita pela mulher, que afirma ter perdido um dente em decorrência das violências.
O que aconteceu?
- As gêmeas Manuela e Antônia Pereira, de 6 anos, morreram em um intervalo de oito dias no município de Igrejinha, a 90 km de Porto Alegre (RS), em outubro de 2024.
- Em 11/12, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul concluiu o inquérito do caso e indiciou a mãe das gêmeas como responsável pelas mortes.
- A mulher afirma ter sido agredida por um grupo de cinco a sete homens, com tapas na nuca e com golpes nas costas, “com um objeto comprido e mole” antes da audiência de custódia, ainda em outubro.
- Ela relata que levou um tapa no rosto que resultou na quebra de um dente. O golpe teria, inclusive, causado um corte na parte interna da boca, tanto no lábio inferior quanto no superior.
- Além das agressões físicas, a mulher teria sido foi alvo de agressões verbais. Os agressores a chamaram de “vaca”, “vagabunda” e “assassina”.
- Por fim, ela relata que foi forçada a ficar de cabeça baixa durante as agressões, dificultando a identificação dos agressores.
A mulher acredita ter sofrido os ataques em um presídio de Porto Alegre, para onde foi levada após análise psicológica e psiquiátrica e antes de sua audiência de custódia, quando estava no Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp).
As agressões teriam ocorrido em outubro, antes da audiência de custódia. Entretanto, a mulher conta que não relatou as violências na audiência por medo de sofrer represálias e por ter sido supostamente ameaçada pelos policiais. A suspeita não teria passado por outros exames após as agressões.
Atualmente ela está presa de forma preventiva na Penitenciária Feminina de Guaíba.
O Metrópoles entrou em contato com o Nugesp e questionou o órgão acerca da denúncia de agressão. Entretanto, até a publicação desta reportagem não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.
Falta de provas contra a mãe
A defesa da suspeita afirma que não há provas suficientes que comprovem o envolvimento da mulher na morte das gêmeas. Além disso, não haveria prova de materialidade do crime, ou seja, que as crianças foram assassinadas por envenenamento ou intoxicação medicamentosa.
Segundo o advogado José Paulo, responsável pela defesa, o Ministério Público ainda não realizou denúncia sobre o caso após 30 dias de prisão preventiva, o que comprovaria a falta de provas decorrentes de:
- Inconclusão dos laudos do Instituto Geral de Perícias (IGP), que em 90 dias ainda não confirmaram a presença de substâncias tóxicas nos corpos das meninas.
- A possibilidade de a causa da morte estar relacionada a envenenamento por veneno de rato é apenas uma hipótese médica, e não uma prova conclusiva.
- Primeiros exames médicos que descartaram violência física, como asfixia ou tortura.
O advogado ainda alega que a prisão preventiva da mãe foi resultado de uma série de irregularidades processuais, incluindo uma prisão temporária baseada em suspeitas descartadas, um pedido de prisão preventiva sem fundamentação, a decretação da prisão preventiva de ofício pelo juiz sem a manifestação do MP, a ausência de prova da materialidade e a violação do prazo para a denúncia.
O Metrópoles entrou em contato com o Ministério Público e questionou o órgão acerca da falta de denúncia. Entretanto, até a publicação desta reportagem não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.