Quase 1 milhão de mulheres se reúne em grupo on-line contra Bolsonaro
De acordo com moderadoras, são 10 mil pedidos por minuto de novas usuárias que querem fazer parte do movimento
atualizado
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As notificações não param de chegar: nove administradoras e 50 moderadoras se desdobram para gerenciar o grupo fechado Mulheres Unidas Contra Bolsonaro, no Facebook. São mais de 10 mil pedidos de adesão por minuto. Criada em 30 de agosto, a página teve uma explosão, com 600 mil novas usuárias, entre os dias 9 e 10 de setembro: já são quase 800 mil membros até a publicação desta matéria (*).
“Até o final da semana seremos 1 milhão. Nós vamos decidir essa eleição, vamos fazer história, a imprensa internacional falará de nós e nunca mais nenhum outro político ousará menosprezar a figura feminina”, escreveu uma das administradoras.
O texto de apresentação do coletivo diz:
“Grupo destinado à união das mulheres de todo o Brasil (e as que moram fora do Brasil) contra o avanço e fortalecimento do machismo, misoginia e outros tipos de preconceitos representados pelo candidato Jair Bolsonaro e seus eleitores. Acreditamos que este cenário, que em princípio nos atormenta pelas ameaças às nossas conquistas e direitos, é uma grande oportunidade para nos reconhecer como mulheres. Esta é uma grande oportunidade de união! De reconhecimento da nossa força! O reconhecimento da força da união de nós mulheres pode direcionar o futuro deste país! Bem-vindas aquelas que se identificam com o crescimento deste movimento”.
As motivações para criar o grupo são ideológicas. “Não recebemos pagamento ou comissão para estar aqui, estamos trabalhando duro porque acreditamos num propósito viável e importante para nós mulheres”, afirmou outra moderadora.
Entre os depoimentos compartilhados no grupo, há relatos dos mais diversos perfis: mulheres de direita, mas que não concordam com as ideias de Jair Bolsonaro, e de esquerda – que combatem com veemência o discurso violento propagado pelo candidato do PSL.
Uma delas afirmou: “Sou esposa de um coronel do Exército e esse Bolsonaro não nos representa. Ele não tolera as minorias e somos pais de um filho autista. Ele trata deficientes, mulheres, negros, homossexuais com deboche e desprezo”.
O grupo tem regras, como a proibição do discurso de ódio e da exposição das mulheres que integram a página. Apoiadores de Bolsonaro criaram uma versão falsa do grupo para confundir as participantes. Trata-se do Mulheres Unidas Contra Bolsonaro (reserva).
O eleitorado feminino será pedra no meio do caminho para o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro. De acordo com a pesquisa Datafolha divulgada nessa segunda-feira (10/9), o postulante o militar da reserva possui 17% da intenção de voto do eleitorado feminino e é rejeitado por 49% delas. Nenhum outro concorrente tem tanta discrepância em porcentagem de eleitores por gênero.
*Atualização: Até as 17h20 de 12/9 o grupo já tinha 1.195.000 membros.