Quarenta dias após troca de bebês em maternidade, ninguém foi punido
Polícia Civil de Goiás continua investigando o caso que movimentou a cidade de Trindade. Meninos ficaram com pais errados por 24 dias
atualizado
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Quarenta dias após a troca de dois recém-nascidos no Hospital de Urgências de Trindade (Hutrin), ninguém foi responsabilizado pelo erro que movimentou Trindade, município da Região Metropolitana de Goiânia, distante cerca de 240 km de Brasília. A Polícia Civil de Goiás continua as investigações.
José Miguel e Murillo Henrique nasceram no dia 9 de julho. Por uma falha na identificação deles, os bebês foram entregues trocados a Pauliana Maciel, de 27 anos, e Aline Alves, 20. O caso foi descoberto em 26 de julho e os meninos foram destrocados em 1º de agosto.
A chefe da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Renata Vieira, destaca que a apuração continua. “Estou aguardando documentos do Hutrin. Enviei um ofício na semana passada. Como não finalizei (o inquérito), não tem ninguém responsabilizado ainda”, pontua.
A unidade médica garante que tem colaborado com as investigações. “Todos os documentos requisitados pela autoridade policial foram remetidos. A delegada não depende de qualquer documento do hospital para concluir o inquérito”, destaca o porta-voz do Hutrin, Hemiltom Prateado.
Uma técnica em enfermagem do berçário do Hutrin é investigada pela Polícia Civil de Goiás como a responsável pela troca. Ela não teve o nome divulgado. O hospital abriu uma sindicância para apurar a troca de bebês, mas não deu detalhes dos resultados.
O advogado Alaor Mendanha, que defende o casal Pauliana e Genésio Vieira, de 43 anos, acompanha o inquérito. “Faltavam oitivas, inclusive de uma das avós que por muitos motivos não conseguiu ser ouvida. O inquérito deve ser encerrado essa semana”, conta.
As famílias, apesar de terem destrocado os meninos, continuam convivendo. No domingo (11/08/2019), Murillo Lobo, de 22 anos, e Aline receberam Pauliana e Genésio para um almoço de comemoração do Dia dos Pais e de “mesversário” das crianças. “Elas estão em contato quase o tempo todo”, comenta o advogado.
Relembre o caso
A falta de semelhança fez com que Genésio pedisse um exame de DNA para comprovar a paternidade. Para a surpresa da família, o menino não era filho nem dele nem de sua esposa, Pauliana.
Uma sucessão de erros levou à troca das crianças. Ainda na internação, Pauliana e Aline foram confundidas e levadas para o centro cirúrgico de maneira invertida. A delegada acredita que a confusão deu início ao drama das mulheres que ficaram 24 dias com os filhos trocados. Eles moraram juntos até o caso ser resolvido.
Genésio e Pauliana retomaram a rotina em Trindade. Murilo e Aline voltaram para Santa Bárbara, município goiano distante 27 quilômetros de Trindade.
Esta é a segunda troca de bebês no Hutrin. Em 2017, duas crianças foram entregues a mães erradas. A falha, porém, foi percebida ainda na maternidade.