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Quanto ganha professor da rede pública eleito entre melhores do mundo

Com o projeto Aula Pública, Paulo Magalhães, 56 anos, foi selecionado pelo Global Teacher Award 2021, entre mais de 200 mil inscritos

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Tiago Reivax
Com o projeto "Aula Pública", Paulo Magalhães, 56 anos, foi selecionado pelo Global Teacher Award 2021, entre mais de 200 mil inscritos
1 de 1 Com o projeto "Aula Pública", Paulo Magalhães, 56 anos, foi selecionado pelo Global Teacher Award 2021, entre mais de 200 mil inscritos - Foto: Tiago Reivax

São Paulo – Paulo Magalhães, de 56 anos, entrou no último domingo (24/10) para o seleto grupo de professores vencedores do Global Teacher Award 2021, premiação internacional que recebeu mais 200 mil inscrições de 110 países. O evento indiano existe há uma década com o objetivo de reconhecer mestres que, com iniciativas fora da sala de aula formal, tenham contribuído para o desenvolvimento dos alunos e da comunidade.

O professor da rede pública brasileira foi reconhecido pelo projeto Aula Pública, que realiza na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Duque de Caxias, no bairro da Liberdade, área central de São Paulo. Ele leva as turmas para conhecerem as ruas e a história do pedaço. “O maior prêmio é ver a transformação que consegui fazer na região em que trabalho, extremamente vulnerável, onde existem cortiços e ocupações irregulares. A violência era muito intensa na escola”, disse o mestre ao Metrópoles.

Paulo rala muito na carreira – cerca de 60 horas por semana. “Tenho dois cargos para poder arcar com as minhas despesas, porque tivemos uma defasagem grande de salário”, relatou. Em setembro, de acordo com o site da Prefeitura de São Paulo, sua remuneração mensal, somando as duas funções, foi de R$ 9.908,20.

“Qualquer valor de salário que eu falar para você que ganho não compensa o trabalho tão sacrificante do professor”, afirmou.

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O professor brasileiro foi reconhecido pelo projeto Aula Pública, que realiza na Emef Duque de Caxias, localizada no bairro da Liberdade, na região central de São Paulo
Com dois cargos na Emef, de manhã, o mestre dá aulas de Geografia e, na parte da tarde e noite, é orientador de informática educativa
A premiação indiana Global Teacher Award existe há 10 anos para reconhecer professores com iniciativas fora da sala de aula formal
Para ser selecionado, o professor precisa ter contribuído para o desenvolvimento dos alunos e da comunidade
O espaço do colégio onde ele trabalha
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“Tenho dois cargos para poder arcar com as minhas despesas, porque tivemos uma defasagem de salário grande", diz

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O professor brasileiro foi reconhecido pelo projeto Aula Pública, que realiza na Emef Duque de Caxias, localizada no bairro da Liberdade, na região central de São Paulo

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Com dois cargos na Emef, de manhã, o mestre dá aulas de Geografia e, na parte da tarde e noite, é orientador de informática educativa

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A premiação indiana Global Teacher Award existe há 10 anos para reconhecer professores com iniciativas fora da sala de aula formal

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Para ser selecionado, o professor precisa ter contribuído para o desenvolvimento dos alunos e da comunidade

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O espaço do colégio onde ele trabalha

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"O maior prêmio é ver a transformação que consegui fazer na região em que trabalho

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“Eu dou aula para a escola toda. Eu dou aula do primeiro ano do fundamental I até a Eja [Educação de Jovens Adultos]”, contou Paulo

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Com o projeto Aula Pública, Paulo Magalhães, 56 anos, foi selecionado pelo Global Teacher Award 2021, entre mais de 200 mil inscritos

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Seu salário, com duas funções, é de R$ 9.908,20

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Com o projeto Aula Pública, desde 2010, Paulo Magalhães leva os alunos da Emef Duque de Caxias, no Glicério, para conhecerem as ruas e as histórias do bairro

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“Vivíamos um momento muito ruim na escola, as crianças eram arredias, praticavam violência dentro e fora da sala de aula, quebravam, depredavam”, contou o educador social

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A situação da escola e dos estudantes que enfrentam a vulnerabilidade financeira e social mudou depois da iniciativa do professor Paulo

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Em dois cargos na Emef, o mestre dá aulas de Geografia pela manhã e, na parte da tarde e noite, é orientador de informática educativa. “Eu dou aula para a escola toda, do primeiro ano do fundamental até a educação de jovens adultos”, contou.

Licenciado em Geografia pela Universidade Católica de Santos, o professor também se formou em Ciências Sociais, na área de Ciências Políticas pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). É ainda especialista em Globalização e Economia, pela Unesp, mestre em Arquitetura e Urbanismo, pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), e pedagogo habilitado em Administração e Supervisão Escolar.

Projeto Aula Pública

Com o projeto Aula Pública, desde 2010, Paulo Magalhães leva os alunos da Emef Duque de Caxias, no Glicério, para conhecerem as ruas e as histórias do bairro. “Vivíamos um momento muito ruim na escola. As crianças eram arredias, praticavam violência dentro e fora da sala de aula, quebravam, depredavam”, contou o educador social.

A situação do espaço e dos estudantes que enfrentam a vulnerabilidade financeira e social vem se transformando após a iniciativa. “Sigo um pouco o pensamento de Paulo Freire. Foi fundamental fazer com que as crianças ocupassem todos os espaços educativos da cidade. Porque não iam a museus, teatros, encontros culturais. Hoje, elas vão”, contou o docente, sobre jovens que, muitas vezes, moram em pensões, cortiços e ocupações irregulares. 

Além de levar os alunos para fora da escola, o professor premiado trouxe livros para dentro da sala de aula. Ele comprava com o próprio dinheiro cinco obras a cada 15 dias e as distribuía para que os estudantes lessem e trocassem entre os colegas. Agora, já recebe doações de moradores e do Centro de Cultura e Acolhimento LGBT Casa 1.

Reconhecimento

Paulo Magalhães também alcançou o primeiro lugar do prêmio Comunidade de Aprendizagem, do Instituto Natura, em 2017. Além do reconhecimento, o educador social ganhou uma bolsa de estudo na Universidade de Barcelona. Já o Global Teacher Award 2021 não traz uma premiação financeira.

“O importante é valorizar os meus alunos, a comunidade onde eu trabalho, a gestão da minha escola, o trabalho do professor público, que é muito importante. Nós vivemos uma situação crítica atualmente”, disse. O professor defende que o projeto se torne uma política pública educacional para ser implementado em outras escolas.

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