Quantidade de arsênio em bolo era 2,7 mil vezes acima do “aceitável”
Concentração do veneno encontrada em uma das vítimas é cerca de 350 vezes maior do que seria suficiente para matar uma pessoa
atualizado
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As mortes de três mulheres da mesma família em Torres, no interior do Rio Grande do Sul, no Natal de 2024, se deram pela ingestão de um bolo preparado com farinha contaminada por arsênio em altíssimas concentrações, o que afasta a hipótese de contaminação ocupacional, ou seja: uma exposição a material biológico que pode ocorrer no ambiente de trabalho.
A informação foi dada na manhã desta segunda-feira (6/1) pela diretora-geral do Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul, Marguet Mittmann.
A suspeita de ter envenenado o bolo é Deise Moura dos Anjos (foto em destaque), nora da mulher que preparou o alimento, Zeli Terezinha Silva dos Anjos, 61 anos, que segue internada. As duas teriam uma desavença antiga, segundo a polícia.
“Foram encontradas concentrações altíssimas de arsênio em amostras de sangue, urina e conteúdo estomacal das três vitimas. [Os níveis] são tão elevados que são considerados tóxicos e letálicos, por isso foram mortas. Para se ter ideia, 35 microgramas já são suficientes para causar a morte de uma pessoa. Em uma das vítimas, havia concentração 350 vezes maior do que a literatura permite”, diz Marguet.
Segundo ela, seria impossível considerar uma contaminação acidental. “É impossível tratar-se de uma concentração natural. É impossível tratar-se de uma receita do bolo”.
A diretora ainda ressaltou que foram analisadas 89 amostras de farinha na casa em que foi preparado o bolo e uma amostra apresentou arsênio em quantidade 2,7 mil vezes superior ao limite aceitável.
As vítimas
Após comerem o bolo, morreram Neuza Denize Silva dos Anjos, de 65 anos, Tatiana Denize Silva dos Anjos, de 47, e Maida Berenice Flores da Silva, de 59, filha e irmã de Neuza, Outras três pessoas chegaram a ficar hospitalizados, inclusive uma criança, que já recebeu alta respectivamente.
Irmã de Neuza e de Maida, Zeli Terezinha Silva do Anjos, de 61, foi quem preparou o bolo e levou para a confraternização em família. Ela também comeu o bolo e está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes.
A defesa de Deise afirmou que não teve acesso a toda investigação e, por isso, “se manifestará em momento oportuno”.