metropoles.com

Qual a relação do dólar com as eleições nos EUA? Entenda impactos

Moeda tem se valorizado frente ao real e cotação depende também do resultado das eleições nos EUA, nesta terça-feira (5/11)

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Getty Images
nota de dólar americano com bandeira dos EUA ao fundo
1 de 1 nota de dólar americano com bandeira dos EUA ao fundo - Foto: Getty Images

O dólar subiu mais de 15% em 2024 e, segundo expectativa de economistas ouvidos semanalmente pelo Banco Central (BC), ele deverá encerrar o ano cotado a R$ 5,50.

Na última sexta-feira (1º/11), o dólar à vista fechou em alta de 1,53%, cotado a R$ 5,86 para compra e R$ 5,87 para venda. Esse foi o maior patamar atingido pela moeda americana desde 2021, no auge da pandemia de Covid-19, e o segundo maior valor nominal da história. Em maio de 2020, ela alcançou R$ 5,90. Na véspera, bateu em R$ 5,78.

Para analistas, a incerteza em torno da questão fiscal (que trata da relação entre gastos e receitas do governo) foi a principal alavanca para a elevação do dólar. Especialistas alertam que se o governo brasileiro não melhorar sua situação fiscal, o dólar pode chegar à casa de R$ 6.

A alta da moeda tem ocorrido apesar da queda nos juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed, na sigla em inglês, o Banco Central norte-americano), fator que normalmente ameniza a pressão sobre a moeda americana. O movimento pode se intensificar se o ex-presidente dos EUA e candidato à eleição Donald Trump vencer as eleições contra a democrata e atual vice-presidente Kamala Harris.

EUA escolhe deputados, senadores e governadores em alguns estados

Trump, que governou os EUA entre janeiro de 2017 e janeiro de 2021, tem um plano de governo mais deficitário, e as políticas protecionistas devem prejudicar mais as moedas emergentes, como a brasileira, afetando a demanda por produtos estrangeiros, e por consequência, sua balança comercial. Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China.

Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, argumenta que o movimento altista do dólar pode se intensificar em uma eventual vitória do republicano, pois ele defende políticas que limitam o comércio com países emergentes, o que afetaria as exportações do Brasil. “Se o governo brasileiro não melhorar essa situação fiscal, o dólar pode chegar a R$ 6. Para conter essa alta, é fundamental controlar gastos públicos e, se necessário, o Banco Central ser mais rigoroso em relação a alta dos juros para se ter uma compensação sobre as moedas”, analisa.

Foi o que ocorreu com a moeda norte-americana no primeiro mandato do republicano, quando o dólar disparou em relação ao real, também impactado pela pandemia final da gestão Trump.

“De forma simples, é mais plausível que o dólar ganhe força globalmente sob o comando de Trump. O risco fiscal é responsável por aumentar o prêmio de risco de investimentos brasileiros, traduzindo-se em mais juros demandados pelo tomador. O aumento do serviço da dívida compromete ainda mais o orçamento já espremido, e entramos em uma bola de neve. Depois de certo ponto, a má gestão das contas públicas excede a relação risco/retorno do investidor, e observamos uma vazão do fluxo financeiro, o que corrobora para a depreciação da moeda”, explica José Alfaix, economista da Rio Bravo.

Para Milton Badan, sócio e diretor da Swiss Capital Invest, a projeção de dólar a R$ 6 até o final deste ano parece “pouco provável” no cenário atual, a menos que ocorram choques econômicos significativos, como um agravamento da situação fiscal brasileira.

Política internacional é ponto comum

Especialistas avaliam que a política externa deverá se manter semelhante, seja qual seja o vencedor. Isso porque os EUA costumam ter uma política internacional de Estado, pouco sujeita a mudanças bruscas de rota.

Nesse sentido, a guerra comercial contra a China — segunda maior economia mundial, e que ameaça a soberania norte-americana — deverá ser mantida. Isso poderá virar um ponto de tensão para a relação com o Brasil, pois o país asiático, considerado um adversário dos EUA, é desde 2009 o maior parceiro comercial do Brasil e parceiro também no âmbito do Brics (bloco fundado originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Assim como fez em seu primeiro mandato, Trump poderá adotar políticas comerciais e regulatórias ainda mais agressivas em relação a Pequim, na tentativa de barrar a expansão daquela economia.

Com relação à América Latina, de forma geral, e ao Brasil, de modo mais específico, a Casa Branca não tem em vista nenhum projeto ou acordo comercial na gestão Joe Biden e isso não deve mudar, seja com Trump ou com Harris.

Quais os impactos para a vida do brasileiro?

Além de encarecer viagens ao exterior, não apenas aos EUA, o dólar alto pode afetar itens da alimentação do brasileiro, como as carnes, e os bens industriais, que vinham colaborando com a queda da inflação nos últimos meses. Ele também impacta no preço dos combustíveis, que já estão altos há vários meses.

Gasolina, etanol e diesel vão ficar mais caros no DF. Veja quando

Nesse cenário de alta da moeda norte-americana, o Banco Central brasileiro precisa subir ainda mais os juros, ou mesmo, elevá-los em ritmo mais rápido. Com isso, a atividade econômica tende a desaquecer.

Por outro lado, o dólar alto favorece as exportações brasileiras, contribuindo para um saldo positivo da balança comercial (exportações menos importações). Com o dólar mais alto, os produtos brasileiros vendidos para outros países ficam mais baratos e competitivos no mercado internacional. No entanto, à medida que o Brasil exporta mais, sobram menos mercadorias em âmbito doméstico, o que encarece os produtos no país, seguindo a lógica da lei da oferta e da procura.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?