Público dorme na Esplanada para garantir lugar na posse de Lula
Abertura para posse do presidente Lula na Esplanada só começou neste domingo (1º/1), mas havia gente desde a noite de sábado (31/12)
atualizado
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Turistas de diversos estados brasileiros que vieram para o Distrito Federal acompanhar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dormiram no gramado da Esplanada dos Ministérios. O objetivo era um só: conseguir o melhor lugar para participar do evento.
Por volta das 8h45, as pessoas começaram a chegar à Praça dos Três Poderes, onde o público verá de perto o novo chefe do Executivo federal colocar a faixa presidencial. A capacidade máxima nesta área é de 40 mil espectadores.
Vestida com camiseta e boné vermelho com o nome de Lula, a amapaense Linair Silva, de 63 anos, chegou a Brasília na sexta-feira (30/11), exclusivamente para a cerimônia. “Eu só quero assistir ao Lula subir a rampa”, disse a autônoma.
Linair relata que passou a virada do ano na Esplanada dos Ministérios apenas com a roupa do corpo e sem companhia. “O meu objetivo é vê-lo o mais próximo possível. É a minha primeira participação em uma posse presidencial. Esse é um momento histórico. Não teria como deixar de vir. Todo sacrifício é pouco para presenciar essa festa da democracia. O amor venceu”, comemorou.
A servidora municipal Jéssica Paula de Lima, 35, e o marido dela, João Paiva dos Santos, 36 (na foto em destaque), vieram de Paulo Afonso, na Bahia. Eles passaram a madrugada na fila para acompanhar a posse.
“Chegamos à Esplanada por volta das 21h de sábado (31/12). Queríamos pegar um bom lugar na fila. O meu coração está a mil. Queremos ficar grudados na grade para aplaudir o nosso mais novo presidente que vai governar o país pelos próximos quatro anos”, disse Jéssica.
Fila quilométrica
Com sorriso nos rostos, milhares de eleitores do presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva (PT) se mobilizaram para participar da cerimônia de posse na Esplanada dos Ministérios na manhã deste domingo (1/1). Mesmo após o ataque de vandalismo e a localização de uma bomba terrorista, protagonizados por bolsonaristas, militantes, apoiadores e simpatizantes fizeram questão de participar. Alguns com receio, outros de peito aberto.
“Estou muito tranquila. Tenho a expectativa de que Lula consiga acabar com o ódio infectado no nosso pais. Espero dias melhores, de amor, paz, trabalho e união”, sorriu Ana Maria Flores, 50, auxiliar de serviços-gerais, vinda de Porto Alegre (RS). A eleitora afirmou que as declarações e medidas de segurança adotas pelo Governo do Distrito Federal (GDF) foram corretas. “Estou confiando demais no policiamento”, disse.
A professora, Elaine Silva, 41, trouxe duas filhas, de 5 e 13 anos, e marido. A família vive em Blumenau (SC) e veio junto com uma caravana. “Estamos preparados para o que der e vier. Nossa cidade já é extremamente bolsonarista. Confiamos na segurança prometida. Mas de um jeito ou de outro temos que estar aqui depois de 4 anos de tanto sofrimento”, comentou a professora vestindo a camisa com o dizer: “O amor venceu o odio”.
O esquema de segurança causou uma fila quilométrica. O GDF limitou o público na Praça dos Três Poderes para 40 mil. A linha de espera avancou pela Asa Norte, passando da 202 e dos 3,6 km de comprimento. Algumas pessoas reclamaram. Mas muitos consideram os protocolos de segurança necessários.
Público
Sem contar com o contingente da Polícia Militar do DF e do Exército, o policiamento na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes terá pelo menos 1.500 agentes de segurança. São 1 mil policiais federais, 300 policiais civis e 150 homens e mulheres do Corpo de Bombeiros Militar do DF.
O policiamento contará ainda com servidores, guinchos e 35 viaturas do Departamento de Trânsito do DF (Detran), além de reforço aéreo com helicópteros da Polícia Militar. Por questão de segurança, a PM não informou o contingente que empregará nos eventos da posse do futuro presidente.
Antes das 7h, diversas caravanas e pedestres ocupavam as vias de acesso N1 e S1, rumo ao gramado central da Esplanada dos Ministérios, de onde cerca de 300 mil pessoas acompanharão o evento. Na região, ambulantes vendem bandeiras, camisetas, alimentos e bebidas.
A servidora pública capixaba Daniele Stange, 39, e o marido, o advogado André Figueiredo, 54, vieram do Espírito Santo e chegaram à capital federal na última sexta-feira (30/12). “Eu nem dormi essa noite. A ansiedade é grande”, comentou Daniela. “O dia de hoje representa a redenção”, acrescentou André.
Pontos de revista
Todos que chegam à Esplanada para acompanhar a cerimônia de posse passam por pontos de revista, na área dos ministérios da Economia e da Justiça e Segurança Pública.
O casal de mineiros Flaviana Ferreira, 36 anos, e Alex Aguiar de Figueiredo, 52, chegou a Brasília no sábado (31/12). “Viemos apenas para assistir à posse. Não tinha outra foco. Viemos ver o Lula colocar a faixa no peito”, comentou o analista de sistemas.