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PT mantém críticas ao Real e diz que país “sofre efeitos colaterais”

Aniversário do Plano Real foi celebrada na segunda. Por meio de porta-vozes como Aloizio Mercadante, o PT manteve tom crítico sobre o plano

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1 de 1 PT - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O Partido dos Trabalhadores (PT) manteve o tom crítico sobre o Plano Real e, citando vozes do partido como o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, e o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Márcio Pochmann, sustentou que o plano foi eficaz contra a hiperinflação, “mas trouxe juros altos, desindustrialização e desemprego”.

O lançamento da atual moeda brasileira completou 30 anos na última segunda-feira (1º/7). O PT, que era oposição, foi contra o Plano Real em 1994 e tentou barrar sua implantação, mas foi vencido no Congresso.

No texto, divulgado no site, o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sustentou que o discurso da mídia é “limitado a festejar a importante conquista que foi a derrubada da hiperinflação” e diz que “todos os remédios, por mais eficazes que sejam, podem provocar efeitos colaterais. E com o Real não foi diferente”.

Mercadante, por exemplo, reconheceu que o Plano Real teve sucesso em acabar com a alta inflação, ao reduzir o grau de indexação da economia brasileira, mas falou da elevação do juro real, que a sigla classifica como “um dos principais entraves ao desenvolvimento do país”.

“A valorização inicial do câmbio foi essencial para a rápida redução da inflação, mas trouxe um alto custo: o início da era de elevados juros reais. De 1994 a 1999, a taxa básica média de juro real foi de 22% ao ano”, pontuou o presidente do BNDES e ex-ministro de Dilma Rousseff.

Já o presidente do IBGE afirmou que o plano estava “intrinsecamente” vinculado à candidatura de Fernando Henrique Cardoso na sucessão de Itamar Franco e disse que a nova moeda “terminaria por aprisionar e condicionar – para sempre – a estabilização monetária aos requisitos da elevadíssima taxa real de juros e da supervalorização cambial”.

Ele acrescentou que, “enquanto a prevalência dos altos juros reais desde então garantiriam uma vida longa e tranquila ao rentismo, a supervalorização cambial patrocinaria a velha tese dos conservadores na política nacional definida pela ‘natural vocação agropecuária’”.

Por sua vez, o economista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Pedro Rossi afirmou que vários países latino-americanos estabilizaram suas economias no mesmo período histórico, em razão da disponibilidade de divisas externas. Ele citou como exemplo Argentina, México, Uruguai e Chile.

“A verdade é que o plano real falharia se fosse aplicado em meados dos 1980, pois a estabilização dependia de divisas estrangeiras para sustentar a âncora cambial”, escreveu o economista, em post na plataforma X.

“A estabilização da inflação teve um alto custo. Os juros estratosféricos implicaram em um alto custo fiscal e moldou uma economia rentista. O câmbio excessivamente valorizado transformou a estrutura produtiva e desindustrializou o país”, pontuou Rossi.

“As comemorações efusivas dos 30 anos do Plano Real, no fundo, escondem a defesa do Projeto neoliberal”, concluiu o professor da Unicamp.

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