PSol sobre ações de Trump no Oriente Médio: “Ataque terrorista”
Além de se posicionar contra decisões recentes dos Estados Unidos frente ao Irã, a legenda também criticou condutas do Itamaraty
atualizado
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O Partido Socialismo e Liberdade (PSol) se posicionou publicamente contra as recentes decisões de ataque ao Oriente Médio tomadas pelo presidente dos Estados Unidos (EUA) Donald Trump. Na nota de repúdio, divulgada nesta terça-feira (07/01/2020), a legenda define as ações como “terrorismo de Estado” e afirma que o líder da Casa Branca “busca visivelmente uma guerra para chamar de sua”.
O intuito de fomentar o confronto, segundo o partido, seria satisfazer “a essência belicista do capital norte-americano” e interferir no eleitorado que, em novembro deste ano, voltam as urnas e decidem se Trump fica ou não para um novo mandato.
Para embasar que as ações representam uma declaração de guerra, o texto cita desde as interferências dos EUA na derrubada do primeiro-ministro do Irã Mohammed Mossadegh, em 1953, aos recentes ataques no Aeroporto Internacional de Bagdá, provocando a morte de oito pessoas que acompanhavam o comboio do general Qasem Soleimani, alto hierarca das Forças Armadas da nação persa.
A decisão do Iraque em expulsar as tropas americanas foi elogiada pelo PSol: “Medida que precisa ser saudada e replicada em diversas localidades do planeta”, definiu.
O partido não se limita às críticas contra Trump. Rechaça a “subserviência do Itamaraty aos EUA, expressão do reacionarismo racista e criminoso de Jair Bolsonaro e seu recorrente comportamento lesivo aos interesses nacionais”, diz.
Leia a nota na íntegra:
Poucos anos da história recente começaram com tanta apreensão internacional quanto 2020. Em pleno 3 de janeiro, uma série de mísseis estadunidenses atingiu o Aeroporto Internacional de Bagdá, provocando a morte de oito pessoas que acompanhavam o comboio do General Qasem Soleimani, alto hierarca das Forças Armadas do Irã. A demonstração de força dos EUA causou indignação em diversas partes do Oriente Médio, como atestam as multidões que saíram às ruas no funeral de Soleimani ou a resolução do Parlamento iraquiano que expulsa as tropas estadunidenses de seu país.
Embora desde o golpe de 1953 – no qual a CIA coordenou a derrubada do primeiro-ministro Mohammed Mossadegh – não seja mais uma novidade o assédio imperialista dos EUA ao Irã, essa mais recente operação terrorista do Departamento de Estado, combinada com os subsequentes tweets provocativos do presidente Donald Trump (“O Iraque nunca venceu uma guerra, porém nunca perdeu uma negociação”, por exemplo), corresponde a uma vil declaração de guerra contra a nação persa. Soa risível o argumento de “ataque preventivo” vindo justamente de uma potência que oferece todo respaldo a Arábia Saudita do sultão Bin Salman, célebre internacionalmente por mandar esquartejar um jornalista crítico a seu regime. Concretamente, o ataque ao aeroporto de Bagdá só serviu para agravar ainda mais as hostilidades na região.
Num contexto de decadência hegemônica dos EUA no tabuleiro geopolítico da região (vide os sucessivos fracassos militares de George W. Bush e Barack Obama no Afeganistão, Iraque e Síria) e a menos de 11 meses das eleições em que os cidadãos dos EUA avaliarão se Trump merece ou não mais quatro anos de mandato, o atual ocupante da Casa Branca busca visivelmente uma “guerra para chamar de sua”; uma guerra que ao mesmo tempo satisfaça a essência belicista do capital norte-americano e desequilibre a opinião da parcela indecisa do eleitorado norte-americano.
Frente a este quadro geral de contornos trágicos, desde o Brasil, o Partido Socialismo e Liberdade – PSol não apenas repudia o terrorismo de Estado empreendido por Trump, como também rechaça a subserviência do Itamaraty aos EUA, expressão do reacionarismo racista e criminoso de Jair Bolsonaro e seu recorrente comportamento lesivo aos interesses nacionais.
O PSol é um partido que não abre mão do princípio de autodeterminação dos povos e, por isso, saúda com entusiasmo a decisão soberana do Iraque em expulsar as tropas invasoras dos EUA, medida que precisa ser saudada e replicada em diversas localidades do planeta. Nos colocando ao lado das organizações internacionais que se mobilizam contra a deflagração de mais uma guerra bárbara e inútil, enxergamos também como exemplares as ações massivas de rua pela paz mundial, como as realizadas em mais de 70 cidades dos EUA neste final de semana.