PSol pede para Bolsonaro devolver R$ 182,9 mil gastos em motociatas
Pedido feito ao Ministério Público Federal (MPF) ocorre após revelação de documentos que comprovam uso do cartão corporativo para motociatas
atualizado
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A deputada federal eleita Erika Hilton (PSol-SP) apresentou notícia-crime ao Ministério Público Federal (MPF) em que pede para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) devolver aos cofres públicos R$ 182,9 mil – quantia gasta nas motociatas presidenciais. No pedido, ela defende que os valores sejam atualizados pela inflação do período, “objetivando-se, desta forma, a reparação dos danos causados ao erário”.
A parlamentar recém-eleita, que tomará posse no próximo dia 1º de fevereiro, ainda defende que Bolsonaro seja investigado por improbidade administrativa e responsabilizado criminalmente pela prática de peculato e de emprego irregular de verbas ou rendas públicas.
A denúncia cita a existência dos documentos, notas fiscais e gastos obtidos graças ao trabalho da Fiquem Sabendo e por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
“A situação leva a robustos indícios de utilização indevida, por parte de Jair Bolsonaro, de recursos públicos para sua promoção pessoal e a completa ausência de qualquer justificativa de interesse público na utilização do Cartão Corporativo para financiamento dessas atividades”, diz a notícia-crime.
A Fiquem Sabendo, organização especializada em acesso à informação pública, escaneou milhares de notas fiscais dos gastos, depositadas em um prédio do governo federal em Brasília, e publicou, a partir da última segunda-feira (23/1), o conteúdo para consulta — confira as notas aqui.
As notas fiscais mostram que, nas motociatas de Bolsonaro, por exemplo, eram comprados milhares de lanches em supermercados locais, o que indica que os participantes ganhavam ao menos essa recompensa para desfilar ao lado do então presidente. Nas viagens pelo país, eram comuns os gastos dos cartões de Bolsonaro com dezenas ou centenas de refeições.
Os passeios de moto de Bolsonaro, que ficaram apelidados como motociatas, foram realizados no período pré-eleitoral e às vésperas das eleições de 2022 como forma de mobilizar a base bolsonarista. As motociatas se transformaram em atos políticos nos quais o então mandatário discursava e recebia apoio de eleitores.
As motociatas contavam com apoio de expoentes do bolsonarismo, como a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, além de ministros de Estado do então governo.