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PSL e PT deixam ideologia de lado e se unem 145 vezes nas Eleições 2020

Apesar de terem aliados preferenciais, todos os partidos se coligam entre si nas eleições para prefeito

atualizado

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Prédio do Tribunal Superior Eleitoral em Brasília. Vê-se as duas cúpulas brancas em frente ao enorme edifício ondulado de janelas escuras - Metrópoles
1 de 1 Prédio do Tribunal Superior Eleitoral em Brasília. Vê-se as duas cúpulas brancas em frente ao enorme edifício ondulado de janelas escuras - Metrópoles - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Quando chegam as eleições municipais, a ideologia, muitas vezes, fica de lado. Partidos que se opõem ferozmente no Congresso Nacional podem compor a mesma chapa para a prefeitura de alguma cidade. Entre as siglas com representação na Câmara dos Deputados, todas as combinações serão testadas neste ano, com duas exceções: o Novo, que não se coliga com nenhum partido, e uma aliança entre PSol e PSL.

As informações são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e foram analisadas pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles. Foram consideradas todas as chapas registradas, independentemente de já terem sido julgadas aptas ou não.

O PSL, partido pelo qual o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se elegeu, por exemplo, fechou, ao redor do país, 145 alianças com o PT. Em Luziânia (GO), uma das chapas concorrentes uniu as siglas PSL, PT, PDT, PRTB, PODE, PTC, PSD, PATRIOTA, PTB, PP e PSC.

“Nas eleições municipais, você tem influência muito grande da política local. As alianças não são criadas necessariamente porque os candidatos possuem vínculos partidários ou ideológicos, mas porque são aliados de longa data”, explicou o professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília Arnaldo Mauerberg Junior.

O gráfico a seguir mostra como é a situação para todos os partidos com mais de 2 mil candidatos a prefeito neste ano. Como é possível ver, existem todas as combinações. (Passe o mouse ou dedo por cima das cores)

Além disso, pesa também a capacidade de organização dos partidos. Quanto mais presente no município, mais cobiçada é a legenda. Isso explica, por exemplo, por que o MDB é o maior aliado do PT nas eleições para prefeito, apesar de as duas siglas terem rompido depois do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

“O MDB é o maior partido do Brasil – assim como o PT e o PSDB – e continua sendo uma grande força organizacional, está em todos os lugares. O MDB não tem adversário, é o partido da governabilidade. Tem estrutura montada, cabos eleitorais”, apontou Mauerberg.

Ademais, segundo o especialista, há um isolamento no campo da esquerda, após PDT e PSB tentarem se descolar do PT. O MDB, por ser uma legenda de centro com facilidade de coligar à direita e à esquerda, tornou-se uma solução viável e “circunstancial” para o PT.

“O MDB é o partido com mais candidatos às prefeituras no interior do Brasil. Fizemos muitas coligações e o natural é que façamos alianças expressivas com o MDB também. Além disso, o MDB tem um perfil nacional que muda de estado para estado. Existem unidades da Federação onde a aproximação conosco é maior”, explicou o senador Humberto Costa (PT), integrante do Grupo de Tática Eleitoral do partido. “É algo circunstancial”, acrescentou.

“Não temos mais relação institucional, regular, com o MDB, mas também não temos posição de confronto. E eleição se impõe”, disse Costa.

O partido que mais encabeça coligações é o Democratas: a legenda montou uma em 92,6% dos casos. Em seguida vem o PSDB, com 91,7%, e o PP, com 91,4%. O gráfico a seguir mostra a porcentagem para todas as siglas que têm, ao menos, um candidato.

Uma situação que chama a atenção é a do PT, agremiação com o menor percentual entre os grandes partidos do país. São 78,9% das candidaturas com uma coligação. Isso significa que uma a cada cinco não tem o apoio de nenhum outro partido.

Esse cenário não acontece apenas em pequenas cidades. Não há coligação por traz da candidatura petista em São Paulo, por exemplo, onde o nome escolhido pelo PT foi Jilmar Tatto. “O PT não abre mão de ser o principal representante da esquerda. É impensável o partido, por exemplo, assumir o papel de vice com o Boulos de cabeça de chapa. Por enquanto, o PT não tem estratégia de abrir mão de ser a principal liderança de esquerda, mesmo que a urna diga o contrário”, explicou o cientista político.

Outra conjuntura interessante é a do Novo, que não se coligou com nenhuma legenda. O deputado federal Tiago Mitraud (Novo-MG) explicou que não há proibição de aliança, mas o partido tende a “só coligar quem comunga dos mesmos os valores” do Novo, como a não utilização de recursos públicos. “Não encontramos esse parceiro”, pontuou.

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