metropoles.com

PSDB pode ficar sem candidato a presidente pela 1ª vez em três décadas

Com a desistência de João Doria nessa segunda (23/5), o partido tucano pode não ter candidato ao posto desde a redemocratização

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Divulgação
Ao encerrar sua fala, abaixou a cabeça e cruzou as duas mãos sobre o peito, visivelmente emocionado
1 de 1 Ao encerrar sua fala, abaixou a cabeça e cruzou as duas mãos sobre o peito, visivelmente emocionado - Foto: Divulgação

São Paulo – Fundado em 1988, o PSDB lançou seu primeiro candidato à presidência da República no ano seguinte, na primeira eleição direta no Brasil após o fim da ditadura militar. Desde então, sempre teve candidatos nos pleitos nacionais, mas, com a desistência de João Doria nessa segunda (23/5), o partido pode não contar com postulante em 2022 pela primeira vez desde a redemocratização.

A princípio, a legenda deve seguir nas negociações com o MDB e o Cidadania para lançar um nome único da chamada “terceira via”, embora haja integrantes da sigla que defendam a aposta em uma figura própria. Uma reunião da Executiva nacional que estava marcada para esta terça (24/5) foi cancelada.

A possibilidade do PSDB não ter candidato próprio em 2022 é mais um capítulo de um processo de perda de protagonismo que vem desde 2018, e só se intensificou com brigas dentro da legenda. Mesmo antes disso, em 2014, a imagem do partido ficou desgastada quando o então candidato à Presidência Aécio Neves acusou fraude eleitoral e pediu a recontagem de votos na eleição contra Dilma Rousseff (PT).

6 imagens
Ao encerrar sua fala, o político paulista abaixou a cabeça e cruzou as duas mãos sobre o peito, visivelmente emocionado
Doria se emocionou bastante ao agradecer os aplausos
João Doria e sua esposa, Bia Doria
Ao lado de Doria, estava o presidente do PSDB, Bruno Araújo
Doria fez um discurso com os olhos marejados ao falar de sua desistência à candidatura
1 de 6

João Doria chorou ao anunciar que desistiu de ser candidato à Presidência do Brasil

Divulgação
2 de 6

Ao encerrar sua fala, o político paulista abaixou a cabeça e cruzou as duas mãos sobre o peito, visivelmente emocionado

Divulgação
3 de 6

Doria se emocionou bastante ao agradecer os aplausos

Divulgação
4 de 6

João Doria e sua esposa, Bia Doria

Divulgação
5 de 6

Ao lado de Doria, estava o presidente do PSDB, Bruno Araújo

Divulgação
6 de 6

Doria fez um discurso com os olhos marejados ao falar de sua desistência à candidatura

Divulgação

Foram oito disputas em 33 anos. Em duas delas, o candidato do PSDB Fernando Henrique Cardoso saiu vencedor. Em outras quatro, o partido foi para o segundo turno. Em 2018, a legenda perdeu o posto de adversário principal do PT para Jair Bolsonaro (PL, na época PSL) e amargou seu pior resultado em uma eleição: Geraldo Alckmin recebeu apenas 4,7% dos votos.

O ex-senador José Aníbal, tucano histórico, afirma que “não é um bom sinal” que o PSDB não tenha candidato próprio, e sugere que o partido aposte em Eduardo Leite ou Tasso Jereissati para a disputa.

“Agora que Doria fez esse gesto e entendeu a situação, é hora do PSDB cultivar fortemente sua unidade. Um ponto importante é ter uma candidatura. É importante não só para o partido, mas para o processo eleitoral que estamos vivendo. Não é uma candidatura de disputa com a Simone, que é excelente candidata, mas uma que dê mais consistência a esse centro democrático, que ajude nesse debate”, opina.

12 imagens
Filho do publicitário e ex-deputado federal João Doria e da empresária paulista Maria Sylvia Vieira de Moraes Dias Doria, o atual governador de São Paulo e sua família precisaram morar por anos na França, após o pai ter sido perseguido durante a ditadura militar
Em 1970, após voltar ao Brasil, Doria pediu estágio em uma empresa publicitária no departamento de rádio e TV. Tomou gosto pela carreira, ingressou em um curso de comunicação e, mais tarde, tornou-se diretor da Rede Bandeirantes de Televisão
Doria também foi colunista da revista IstoÉ Dinheiro, apresentou o reality show Aprendiz e o Aprendiz Universitário. Foi também editor de livros, palestrante no Brasil e no exterior, e fundador do grupo Doria, de comunicação e marketing
João também foi secretário de Turismo de São Paulo, presidente da Paulistur e da Embratur
Em 2012, foi eleito umas das cem pessoas mais influentes do mundo pela revista IstoÉ e, em 2014, eleito como um dos cem lideres de melhor reputação pela revista Exame
1 de 12

João Agripino da Costa Doria Junior, nascido em 1957, é empresário, publicitário, jornalista e político brasileiro. Natural de São Paulo, foi eleito governador do estado para o mandato de 2018 a 2022

Igo Estrela/Metrópoles
2 de 12

Filho do publicitário e ex-deputado federal João Doria e da empresária paulista Maria Sylvia Vieira de Moraes Dias Doria, o atual governador de São Paulo e sua família precisaram morar por anos na França, após o pai ter sido perseguido durante a ditadura militar

Fábio Vieira/Metrópoles
3 de 12

Em 1970, após voltar ao Brasil, Doria pediu estágio em uma empresa publicitária no departamento de rádio e TV. Tomou gosto pela carreira, ingressou em um curso de comunicação e, mais tarde, tornou-se diretor da Rede Bandeirantes de Televisão

Fábio Vieira/Metrópoles
4 de 12

Doria também foi colunista da revista IstoÉ Dinheiro, apresentou o reality show Aprendiz e o Aprendiz Universitário. Foi também editor de livros, palestrante no Brasil e no exterior, e fundador do grupo Doria, de comunicação e marketing

Fábio Vieira/Metrópoles
5 de 12

João também foi secretário de Turismo de São Paulo, presidente da Paulistur e da Embratur

Governo de São Paulo
6 de 12

Em 2012, foi eleito umas das cem pessoas mais influentes do mundo pela revista IstoÉ e, em 2014, eleito como um dos cem lideres de melhor reputação pela revista Exame

Igo Estrela/Metrópoles
7 de 12

Em 2001, filiou-se ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e, em 2016, lançou-se candidato à prefeitura de São Paulo. Eleito, Doria se tornou o primeiro candidato a ocupar o cargo em primeiro turno desde 1992

Hugo Barreto/Metrópoles
8 de 12

Cerca de 15 meses depois de tomar posse como prefeito, renunciou ao cargo para concorrer ao governo de São Paulo

Igo Estrela/Metrópoles
9 de 12

Em 2018, venceu Márcio França na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes

Hugo Barreto/Metrópoles
10 de 12

Durante a pandemia da Covid-19, Doria ganhou força ao se posicionar contra o presidente Jair Bolsonaro. Durante o ano de 2020, uniu-se ao Instituto Butantã para desenvolver uma vacina eficaz contra o coronavírus. Em 2021, organizou coletiva para vacinar a primeira pessoa no Brasil

Governo do Estado de São Paulo/Divulgação
11 de 12

Doria, no entanto, também coleciona polêmicas. Além de ter virado réu, acusado de receber propina para beneficiar o consórcio FM Rodrigues/CLD enquanto era prefeito, o empresário causou confusão com educadores após mandar retirar de escolas apostilas sobre identidade de gênero. Durante a pandemia, não agradou os paulistas ao ter viajado, mesmo depois de endurecer as regras de isolamento no estado

Fábio Vieira/Metrópoles
12 de 12

Opositor de Bolsonaro nas Eleições de 2022, Doria venceu as previas do PSDB e, até o momento, está oficializado como pré-candidato à Presidência da República

Igo Estrela/Metrópoles

 

Para ele, Leite e Tasso possuem “muitas condições de assumir uma candidatura”. “Doria tinha uma equação que não fechava, que era uma rejeição muito alta e intenção de voto muito baixa”, explica.

Intrigas com colegas de partido

Empresário bem sucedido, Doria só decidiu se aventurar na política em 2016, aos 59 anos, quando disputou a Prefeitura de São Paulo. Venceu. Tornou-se ambicioso e, após pouco mais de um ano no cargo, saiu para concorrer ao Governo de São Paulo.

Sua intenção de disputar a presidência da República é antiga. Em 2017, quando ainda era prefeito, admitiu que poderia concorrer ao cargo na eleição seguinte se a legenda assim quisesse.

Alckmin foi o candidato nacional, enquanto o então prefeito disputou o Governo de São Paulo e ganhou. Mas ali já começavam as intrigas com colegas do próprio partido. Durante a campanha, ainda no primeiro turno, se indispôs com Alckmin quando, em vez de apoiar seu padrinho político, vestiu a camisa (literalmente) do “BolsoDoria” para conquistar o voto dos eleitores de Bolsonaro em São Paulo.

Ele venceu o governo estadual, sua segunda vitória em sua segunda eleição disputada. Confiante, tomou posse já de olho na próxima empreitada política.

Mas ele não era o único a querer o posto de candidato tucano à presidência da República em 2022. Por isso, o partido realizou prévias entre ele, o então governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite e o ex-senador Arthur Virgílio.

O paulista ganhou, virou oficialmente o pré-candidato do PSDB, mas a vitória nas prévias não significou respaldo político nem mesmo dentro da legenda, e ficou escancarada a divisão interna entre os tucanos.

A cúpula sempre fez questão de frisar que sua candidatura não era definitiva, e dependia de um acordo com demais partidos da centro-direita – como o MDB e o Cidadania. Ao mesmo tempo, Eduardo Leite, respaldado por Aécio Neves e outros apoiadores, continuou a atuar como pré-candidato, deixando o clima ainda mais conturbado.

Doria conquistou mais um desafeto quando, em 31 de março, ensaiou não sair do governo paulista, o que inviabilizaria a posse de seu então vice Rodrigo Garcia (PSDB), também pré-candidato a governador. Só decidiu deixar o Palácio dos Bandeirantes com uma carta de Bruno Araújo, presidente do PSDB, que a contragosto afirmou que ele era o candidato do partido. Garcia se sentiu desrespeitado, e tem se descolado do ex-governador em sua gestão e pré-campanha.

Não foi o suficiente para deixar a legenda em paz. Pouco depois, Bruno Araújo desembarcou da campanha de Doria e, em Brasília as negociações entre MDB, Cidadania e PSDB avançaram. O nome de Simone Tebet (MDB) foi visto como uma alternativa mais viável, pela baixa rejeição. Ficou insustentável a manutenção de Doria na disputa, e a desistência veio “com o coração ferido, mas a alma livre”.

Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?