PSDB é o partido com a maior receita de campanha nas cidades com 2º turno
Quando se leva em conta todos os municípios do Brasil, o líder é o MDB, com 701 candidatos com as maiores receitas declaradas
atualizado
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Até as últimas eleições de 2018, existia uma máxima: vence quem tem dinheiro. Assim, os candidatos com mais receitas para as campanhas acabariam conquistando os cargos desejados. Se a propositura fosse verdadeira, o PSDB seria o partido com mais prefeitos nas cidades com segundo turno — aquelas que têm acima de 200 mil eleitores.
Os tucanos têm 17 candidatos liderando em receitas declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nos 95 municípios com maior número de eleitores. Quando se leva em conta todas as cidades brasileiras, o líder é o MDB, com 701 candidatos com as maiores arrecadações.
As informações de receita por campanha estão no repositório de dados do TSE. Elas foram agregadas e analisadas pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles. Elas englobam tanto o recebido do fundo eleitoral quanto as doações de pessoas físicas até a última quarta-feira (28/10). O gráfico a seguir mostra em quantas cidades cada partido está liderando na arrecadação para a campanha.
Ser o candidato com mais dinheiro para gastar na campanha não é garantia para vencer as eleições para prefeito. Em 2016, 2,6 mil dos eleitos foram os que mais receberam dinheiro em sua cidade. Isso representa 46,4% do total de municípios. Ou seja, na maior parte dos casos, outra pessoa ganhou o pleito.
Percentualmente, a situação é semelhante quando a análise é feita apenas nas cidades com segundo turno. Em 41 casos, quem ganhou foi o candidato com mais receitas. Em 2016, 92 cidades tinham tamanho suficiente para ter segundo turno. Assim, o candidato com mais verba para a campanha levou a disputa em 44,5% dos pleitos.
O professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Paulo Kramer, aponta que mesmo não sendo o critério definidor de quem vence a disputa, é um fator importante o quanto um candidato tem para gastar. “Não dá para afirmar que em todos os casos o dinheiro sempre vai fazer a diferença e garantir a vitória de quem tem mais. Mas que ele é importante, não há dúvida”, apontou.
Uma prova disso é que “até mesmo aqueles candidatos que foram eleitos para a Câmara dos Deputados em 2018 usando apenas um celular com rede social e tomando carona na marca Bolsonaro, ao chegarem no Congresso, viram montanha de dinheiro dos fundos eleitoral e partidário e passaram a brigar por isso com unhas e dentes”.
O Fundo Eleitoral é hoje a principal fonte de receitas para campanhas. Em 2020, a previsão é de que R$ 2 bilhões sejam repassados para candidatos em todo o país.