Protestos tomam Porto Alegre após morte de homem negro no Carrefour
João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, teria se desentendido com uma funcionária e foi espancado até a morte em uma unidade da rede
atualizado
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Porto Alegre – Uma faixa com a frase “Justiça, Beto vive” presa a uma das grades na entrada principal da filial do supermercado Carrefour na zona norte de Porto Alegre é um dos símbolos da indignação de movimentos sociais, vizinhos e amigos de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos.
João, um homem negro, foi espancado até a morte por dois seguranças que trabalhavam na loja na noite dessa quinta-feira (19/11), véspera do Dia da Consciência Negra.. A filial permaneceu fechada (de acordo com nota oficial do Carrefour, em respeito à vítima). Mas a notícia da morte, que repercute desde as primeiras horas do dia, e a faixa atraíram pessoas durante toda a manhã.
Uma delas foi a publicitária Regina Ritzel, 37 anos, que, acompanhada por uma filha, protestava com um cartaz com os dizeres “pare de nos matar”. Segundo ela, há cerca de dois anos, ao sair de uma filial do mesmo supermercado no bairro Partenon, na zona leste, foi abordada por seguranças que a acusaram de furto e a levaram para uma sala, onde a teriam submetido a constrangimentos.
“Fizeram eu ficar seminua. Depois, quando constataram que eu não tinha feito nada, me fizeram um pedido de desculpas”. A publicitária diz ainda que acionou judicialmente o supermercado, obteve vitórias em mais de uma instância e o processo segue em fase de recursos. Motoristas que passavam pelo local buzinavam em apoio às manifestações.
Sindicato dos Vigilantes
O Sindicato dos Vigilantes do Rio Grande do Sul se juntou a outros manifestantes na manhã desta sexta-feira (20/11).
De acordo com o diretor Luis Paulo Ribeiro Motta, os dois seguranças que espancaram Beto até a morte não atuavam como vigilantes. “Muita gente faz confusão. Vigilante tem que ter curso e registro na Polícia Federal, já porteiros, funcionários de portaria e auxiliares de segurança, não.”
Motta diz ainda que não são raros os casos de policiais militares atuando irregularmente como segurança, como o caso de um dos envolvidos na morte de João Alberto.