Protesto cobra justiça pelos 4 mortos em ação da PMGO na Chapada
Moradores, amigos e parentes das vítimas fizeram manifestação pedindo resposta às autoridades por ação policial com 58 tiros semana passada
atualizado
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Goiânia – Moradores da Vila de São Jorge, em Alto Paraíso, região da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, fizeram uma manifestação na tarde de domingo (23/1). Eles pedem justiça pelas quatro mortes durante ação policial na última quinta-feira (20/1).
Alan Pereira Soares, de 27 anos; Antônio da Cunha dos Santos, de 35; Ozanir Batista da Silva, de 46; e Salviano Souza Conceição, de 63, foram mortos durante uma ação policial. O fato ocorreu numa chácara onde existia uma plantação de maconha entre Colinas do Sul e Cavalcante, também na região da Chapada.
Os policiais deram 58 tiros durante a ocorrência, sendo que 40 disparos foram de fuzil. A PM diz que os policiais atiraram e houve reação. Mas familiares e amigos das vítimas dizem que eles eram pessoas conhecidas na comunidade por estilo de vida pacato e não tinham histórico de violência.
Veja o vídeo:
Protesto
As mortes geraram revolta entre moradores da região. Dois dos mortos eram residentes antigos da Vila de São Jorge, um era de uma comunidade quilombola e outro de Colinas.
Durante a manifestação, foram feitos discursos contra a violência e gritos por justiça. Parentes e amigos das vítimas estavam presentes.
Também foram levados cartazes e faixas com frases como: “Cadeia para polícia corrupta e bandida”; “Toda vida importa”; “São Jorge pede justiça! Por que mataram inocentes?”; “Chacina na Chapada”.
A manifestação saiu da quadra de esportes de São Jorge e seguiu até a base da Polícia Militar da vila.
Investigação
As mortes serão investigadas pela Polícia Civil. Inicialmente a PM informou que havia cerca de 2 mil pés de maconha no local em que as vítimas foram mortas, mas algumas horas depois a informação foi corrigida para entre 500 e 600 pés.
Os policiais queimaram a plantação logo após as mortes. Os corpos das vítimas foram retirados do local, porque não teria sinal de telefone celular para chamar resgate. Eles já chegaram sem vida ao Hospital Municipal de Colinas do Sul.
O comandante da PM em Niquelândia (GO), que coordenou a ação que terminou com as quatro mortes, subtenente Flávio Taveira Guimarães, defendeu que toda ação policial com óbito é investigada e passa pelo Ministério Público, ao ser questionado pelo Metrópoles na última sexta-feira (21/1).
“Um fato deste não começa e acaba nas mãos da PM. Existe a atuação de outros órgãos que têm independência de atuação”, afirmou.
A reportagem ainda entrou em contato com a Polícia Militar, Polícia Civil e a Secretaria de Segurança Pública, mas não houve resposta até a publicação desta matéria.
MP
Procurado pela reportagem, o Ministério Público de Goiás (MPGO) disse que acompanha as investigações da Polícia Civil sobre as quatro mortes em diferentes frentes.
A Promotoria de Justiça de Cavalcante encaminhou ofício ao delegado da Polícia Civil na sexta-feira (21/1) para a apuração do caso. Também foi solicitado o apoio do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial do MPGO.
Já a Promotoria de Justiça de Niquelândia instaurou procedimento administrativo para acompanhar o andamento da investigação, já que os PMs envolvidos na chacina são da cidade.
O MP ainda informou que vai acompanhar o inquérito sem impedir que instaure uma investigação própria se achar conveniente.