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Papel diplomático do Brasil ganha força com o isolamento da Venezuela

Brasil atua como mediador entre o contestado regime de Maduro e a comunidade internacional e assumiu embaixadas de países mais críticos

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VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES
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1 de 1 imagem colorida mostra chanceler mauro vieira na comissão de relaçoes exteriores do senado - Metrópoles - Foto: VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES

A diplomacia do Brasil está ganhando destaque ao tentar mediar uma crise entre o regime de Nicolás Maduro e a comunidade internacional, que questiona a vitória do herdeiro político de Hugo Chávez nas últimas eleições presidenciais da Venezuela.

Diferente de outros países, Brasília não atacou frontalmente Caracas, apesar de ter cobrado uma “apuração imparcial” dos votos, sem reconhecer ou não o resultado do pleito divulgado no último domingo (28/7) pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano.

Pegando mais pesado que o Brasil, diversos líderes internacionais reagiram quase que de forma imediata aos dados apresentados pelo regime e contestaram a reeleição de Nicolás Maduro, assim como a oposição liderada por María Corina Machado e Edmundo González, que afirmam serem os verdadeiros vencedores do pleito.

Bom trânsito

A amizade história entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Nicolás Maduro colocou o Brasil em uma posição estratégica antes e depois das eleições do último fim de semana, com a diplomacia brasileira atuando como uma espécie de “fiador” do diálogo entre o regime chavista e o restante da comunidade internacional.

Essa posição leva o governo Lula a ser fortemente criticado pela oposição e sofrer desgaste na opinião pública nacional, mas a gestão petista tem resistido.

Apesar de negar o acesso a algumas autoridades internacionais que iriam acompanhar a votação, o regime chavista recebeu com boa vontade o assessor-especial de Lula para assuntos de política externa, Celso Amorim. O ex-embaixador brasileiro acompanhou, de perto, a votação, seguindo ordens do presidente brasileiro.

Analistas ouvidos pelo Metrópoles apontam que o bom trânsito entre os dois governos faz com que o Brasil atue como mediador entre as demandas da comunidade internacional e o regime de Nicolás Maduro.

“As manifestações brasileiras são usualmente ouvidas, de forma comedida, por Caracas, diferentemente da de outros países da região”, explica o analista de política internacional Josemar Franco. “A diplomacia brasileira tem portanto amortecido as críticas internacionais sobre a lisura do processo e transmitido de maneira ponderada as preocupações ao governo Maduro, razão pela qual o próprio presidente dos Estados Unidos ligou ao presidente Lula nesta semana”.

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Protestos tomam conta da Venezuela, após resultado de suposta reeleição de Nicolás Maduro
Protestos tomam conta da Venezuela, após resultado de suposta reeleição de Nicolás Maduro
Ato de oposição a Nicolás Maduro, em Caracas, nesta terça-feira (30/7)
Ato de oposição a Nicolás Maduro, em Caracas, nesta terça-feira (30/7)
Ato de oposição a Nicolás Maduro, em Caracas, nesta terça-feira (30/7)
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Protestos tomam conta da Venezuela, após resultado de suposta reeleição de Nicolás Maduro

Pedro Rances Mattey/Anadolu via Getty Images
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Protestos tomam conta da Venezuela, após resultado de suposta reeleição de Nicolás Maduro

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Protestos tomam conta da Venezuela, após resultado de suposta reeleição de Nicolás Maduro

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Ato de oposição a Nicolás Maduro, em Caracas, nesta terça-feira (30/7)

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Ato de oposição a Nicolás Maduro, em Caracas, nesta terça-feira (30/7)

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Ato de oposição a Nicolás Maduro, em Caracas, nesta terça-feira (30/7)

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Nicolás Maduro é herdeiro político de Hugo Chávez

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Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato presidencial em uma eleição marcada por polêmicas

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Líder da oposição, ex-deputado Freddy Superlano foi capturado por homens de preto nessa terça-feira (30/7)

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Embaixadas fechadas e Brasil representando

Uma decisão do Itamaraty, dessa quinta-feira (1º/8), demonstram na prática a postura pragmática adotada pelo governo brasileiro em relação à crise na Venezuela.

Após Maduro cortar relações diplomáticas com sete países que contestaram sua vitória, o Brasil aceitou assumir a proteção das embaixadas da Argentina e do Peru, dois dos países mais críticos a reeleição do líder chavista, além de garantir a segurança de asilados políticos na representação argentina em Caracas.

A decisão foi recebida com agradecimentos por parte do presidente argentino Javier Milei, apesar das rusgas recentes dele com Lula.

Além disso, a diplomacia brasileira trabalhou pela divulgação de uma nota conjunta com Colômbia e México sobre a incerteza que cerca o resultado das eleições venezuelanas.

Os três países cobraram, nessa quinta-feira (1º/8), uma maior transparência das autoridades venezuelanas quanto aos dados do pleito. Lula, assim como Gustavo Petro e Andrés Manuel López Obrador, ainda pediram “respeito pela soberania da vontade do povo da Venezuela”, e “máxima cautela” com atos e manifestações no país a fim de “evitar uma escalada de episódios violentos”.

Tradição

Até o momento, a diplomacia brasileira conduzida pelo ministro Mauro Vieira tem mantido a tradição de reconhecer Estados, e não governos.

“Nesse caso, o reconhecimento brasileiro do resultado das eleições está condicionado às atas do Conselho Eleitoral Nacional (CNE) venezuelano, como instituição de Estado”, explica Franco.

Até o momento, os dados oficiais do pleito ainda não foram divulgados pelo CNE. Segundo Maduro, a situação acontece devido à uma ação hacker contra o sistema do órgão. Sem provas, o herdeiro político de Hugo Chávez chegou a acusar  Elon Musk de estar por trás do suposto ataque que impossibilitou a divulgação das atas eleitorais.

“Digamos que o grande feito brasileiro tem sido não se abster de fazer críticas, mesmo que atenuadas, ao Maduro, e garantir o país como referência na gestão da crise”, diz Franco.

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