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Prorrogada e ampliada, campanha contra a gripe acabou longe da meta

Sete meses após o início da campanha de imunização, cobertura vacinal dos grupos prioritários é de 70,6%. Meta do governo é 90%

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1 de 1 Vacina contra gripe Queiroga Rafaela Felicciano 1 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe, a Influenza, teve início em abril deste ano, foi prorrogada devido à baixa cobertura atingida e acabou encerrada em 30 de setembro – quase 20 pontos percentuais abaixo da meta para os grupos prioritários. O governo federal mantém a estrutura normal com disponibilidade de vacinas contra a doença, mas segue enfrentando dificuldades para atingir os alvos principais, formados majoritariamente por idosos, indígenas, gestantes e puérperas, crianças e trabalhadores da área da saúde.

Anualmente, a meta do Ministério da Saúde é imunizar ao menos 90% dos grupos prioritários. Até a última quinta-feira (4/11), entretanto, somente 70,6% dessa população tinha recebido o imunizante.

No segundo semestre deste ano, o governo adotou medidas para tentar aumentar a adesão do púbico à vacina. A campanha deveria ser encerrada em 9 de julho, mas, quatro dias antes do prazo, foi aberta para toda a população e prorrogada até setembro, com a expectativa de melhorar os números.

Com a alteração, o imunizante passou a ser distribuído nos postos de saúde para todos os brasileiros acima dos 6 meses, e não só aos que fazem parte dos grupos prioritários. Mesmo com o fim oficial da campanha, interessados em receber a vacina ainda podem procurar as unidades de vacinação de cada município.

A ampliação melhorou o desempenho da campanha, mas não foi suficiente. Com a medida, houve um leve aumento na adesão à vacina: entre os meses de junho e julho, foram aplicadas 12, 8 milhões de doses do imunizante. Depois, entre agosto e setembro, o número de vacinas aplicadas foi de 17,8 milhões, o que representa um aumento de 39%. As informações foram coletadas pelo Metrópoles por meio da plataforma Localiza SUS.

Apesar da leve melhora, a vacinação contra a gripe voltou a cair no período seguinte, entre os meses de setembro e outubro, quando foram aplicadas 13,4 milhões de doses. O dado representa uma queda de 24,7% em relação ao mês anterior.

Grupos prioritários

De acordo com o Ministério da Saúde, todo o público-alvo da campanha de vacinação contra a gripe conta com 79,7 milhões de pessoas. Para atender a população, foram disponibilizadas 80 milhões de doses.

Esse público abrange um grupo extenso de brasileiros vacináveis, como professores das escolas públicas e privadas; pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas; forças de segurança e salvamento, forças armadas e outros profissionais. Nessa população, a cobertura vacinal era de 83,1%.

No entanto, dentre os públicos citados, são considerados prioritários aqueles que estão mais expostos ao risco de desenvolver formas graves da influenza, de acordo com critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS), como idosos, gestantes, crianças, indígenas e profissionais da saúde. A informação consta no informe técnico da Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza deste ano.

É nesses grupos específicos, compostos por um total de 55,3 milhões de pessoas, que a baixa cobertura chama mais a atenção: nenhum deles ultrapassou os 80% de cobertura vacinal. Somente 39 milhões dos integrantes desses grupos tomaram a vacina, ou seja, 70,6%.

Dentre eles, os que têm a porcentagem mais baixa são os trabalhadores da saúde, com apenas 65,8% do grupo imunizado. Os idosos também aparecem em estado de alerta, com apenas 69,4% de cobertura vacinal, de acordo com os dados do Localiza SUS.

Em seguida, estão as gestantes (73%), as crianças (73,8%), os povos indígenas (77,3%) e as puérperas, que têm a melhor cobertura entre os grupos prioritários (77,9%).

Gripe e Covid-19

A infectologista Ana Rosa dos Santos, gerente de imunizações do Grupo Sabin, avalia que a pandemia de Covid-19 impactou nos resultados da campanha de imunização.

“Um dos fatores que deixou as pessoas sem procurar a vacina foi o fato de que esses grupos também tinham que tomar a vacina para Covid-19”, pontua.

Um sinal disso é a cobertura vacinal contra gripe em 2020, que teve índices positivos e ficou na casa dos 96%. Na época, a imunização contra a Covid-19 ainda não havia iniciado – a campanha nacional começou em janeiro de 2021.

Nos últimos meses, como estratégia para melhorar a cobertura, o Ministério da Saúde encerrou a obrigatoriedade do prazo de 14 dias após a imunização contra o coronavírus para receber outra vacina.

Para a infectologista, é necessário que o governo federal enfatize que não há problemas em receber as vacinas simultaneamente.  “Isso tem de ficar bem claro. A vacina da gripe pode ser realizada e aplicada sem nenhum intervalo em relação à da Covid. Estudos sobre a vacina de Covid demonstraram isso”, ressalta.

A profissional, que atua como gestora de imunizações da rede Sabin, também relata ter havido diminuição do interesse por vacinas contra a gripe na rede particular. Ela ressalta a importância de buscar o imunizante.

“As pessoas precisam entender que, se estiverem protegidas contra a gripe, estarão evitando sérias complicações que a doença traz, como a pneumonia. Se as pessoas estão vacinadas contra a gripe, elas estão se protegendo e protegendo as outras”, pontua.

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Vacinação contra a gripe no Distrito Federal
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Riscos

O clínico médico Gabriel Resende, que atua no Hospital Santa Marta, explica que a proteção da vacina é ainda mais importante para pessoas que têm saúde fragilizada.

“A gente tem que priorizar os nossos grupos vulneráveis, que estão mais expostos e, por consequência, temos que ter maior cuidado, seja pela faixa etária, seja por comorbidades associadas, por imunodeficiência, como o caso das crianças, ou por terem menor acesso à saúde, como caso dos indígenas.”

Gabriel explica que a doença pode desenvolver sintomas sérios e, em casos graves, exigir internação do paciente.

“Apesar de pouco prevalente no dia a dia médico, o quadro gripal que necessita de internação médica está atrelado principalmente a pessoas vulneráveis e imunodeprimidas. Hoje tem-se um arsenal medicamentoso de controle de sintomas favorável, apesar de pouco específico contra a gripe. A vulnerabilidade dos grupos de risco mais expostos torna a prevalência da doença cada vez maior”, alerta.

O que diz o Ministério da Saúde

A reportagem procurou o Ministério da Saúde para que prestasse esclarecimentos sobre ações de incentivo à vacinação contra a gripe. A pasta ainda não retornou. O espaço segue aberto.

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