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Propina de US$ 2 milhões comprou quatro votos no COI pelo Rio-2016

Segundo informações obtidas em acordo de delação, montante teria sido suficiente para garantir a vitória brasileira na eleição, em 2009

atualizado

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Não fosse a compra de votos de eleitores do Comitê Olímpico Internacional (COI), o Rio de Janeiro poderia nunca ter sediado os Jogos Olímpicos de 2016. Isso porque, informações divulgadas pelo Ministério Público Federal obtidas em acordo de delação, dão conta de que os US$ 2 milhões pagos ao senegalês Lamine Diack, na época, teriam comprado quatro votos em favor da cidade brasileira, suficiente para garantir a classificação carioca na rodada de votos, pelas regras do COI. A informação foi publicada no jornal Folha de S. Paulo.

A denúncia é do economista Carlos Emanuel Miranda, supostamente o gerente de propina do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB). Os dois estão presos juntos desde novembro de 2016 pela Operação Calicute e a informação teria sido passada pelo emedebista na cadeia.

A delação foi feita no início do ano passado, mas homologada apenas este ano pelo  ministro Dias Toffoli, do STF.

“Cerca de dois ou três meses atrás, Sérgio Cabral” comentou com o colaborador [Miranda] que Arthur [César de Meneses Soares Filho], de fato, teria feito pagamento a dirigentes africanos ligados ao setor de atletismo para a compra de quatro votos, salvo engano”.

Transcrição da delação de Miranda

Segundo as investigações, o dinheiro teria sido passado de uma conta no exterior do empresário Arthur Soares para uma empresa de Papa Massata Diack, filho de Lamine, ex-presidente da IAAF, órgão que comanda o atletismo mundial.

Rio garantido
Quando o Rio foi escolhido para sediar os Jogos de 2016, ainda em 2009, quatro cidades concorriam ao evento – Madri, Tóquio e Chicago também estavam na disputa. A sede era escolhida por eliminação – a cada rodada, a menos votada era eliminada. Contra Chicago, o Rio ganhou de 26 votos a 18. Caso os quatro votos comprados tivesse, ido para os Estados Unidos, haveria um empate e as chances brasileiras poderiam ter ido pelo ralo ali mesmo.

Sobre as acusações, o advogado João Francisco Neto, da defesa de Carlos Nuzman, ex-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Rio-2016, disse que a declaração de Miranda não passa de “conversa de cadeia” e que, por isso, “não vale nada”.

Já a defesa de Cabral não se pronunciou sobre a nova denúncia. Na época em que a denúncia de compra de votos surgiu, no entanto, o advogado Rodrigo Rocha disse que a suspeita era um “desmerecimento, não só ao ex-governador, como à vitória consagrada do Rio”.

O COI disse apenas que está “acompanhando as investigações” e que está “comprometido em proteger a integridade do esporte”.

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