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Projeto reduz área da Chapada dos Veadeiros, destino turístico de brasilienses

Proposta protocolada este mês pelo deputado Delegado Waldir (PSL/GO) pretende sustar decreto do governo Temer, que aumentou área do parque

atualizado

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Marcelo Camargo/Agência Brasil
Chapada dos Veadeiros (GO)
1 de 1 Chapada dos Veadeiros (GO) - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Goiânia – Projeto protocolado na Câmara dos Deputados no último dia 2 de agosto já gera polêmica e mobilização entre os amantes do Cerrado, pois pretende reduzir a área pertencente ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Localizado na região nordeste de Goiás, ele é famoso internacionalmente por suas belezas naturais.

A proposta apresentada pelo deputado federal Delegado Waldir (PSL/GO) visa sustar o decreto presidencial de junho de 2017, assinado pelo então presidente da república, Michel Temer (MDB), que aumentou a área da unidade de preservação de 65 mil hectares para 240,6 mil hectares.

Na justificativa da proposta, Delegado Waldir alega que, apesar de o parque contribuir com a preservação ambiental, o “aumento desmedido” de sua extensão territorial, prejudica os agricultores da região. A área do parque se estende pelos municípios de Alto Paraíso de Goiás, Cavalcante, Nova Roma, Teresina de Goiás e São João D’Aliança.

Para quem vive e luta pela preservação da Chapada, no entanto, a proposta surge como uma ameaça à integridade do que restou de Cerrado nativo em Goiás, e justo numa região que atrai milhares de turistas não só do Brasil, mas de várias partes do mundo. Em 2001, o parque foi declarado Patrimônio Mundial Natural pela Unesco.

Veja imagens da Chapada:

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A Cachoeira Almécegas é um dos cartões-postais da Chapada
Vista dos Saltos do Rio Preto, dentro do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros
Quase totalidade do território do parque da Chapada dos Veadeiros foi atingida por onda de incêndios em 2017
Focos de incêndio na Chapada dos Veadeiros
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Área no interior do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás

Ricardo Siqueira/Getty Images
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A Cachoeira Almécegas é um dos cartões-postais da Chapada

Getty Images
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Vista dos Saltos do Rio Preto, dentro do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros

Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Quase totalidade do território do parque da Chapada dos Veadeiros foi atingida por onda de incêndios em 2017

Divulgação/Semad
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Focos de incêndio na Chapada dos Veadeiros

Rede Contra Fogo
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Bombeiros e brigadistas voluntários passaram a noite tentando conter as chamas na Chapada dos Veadeiros, em São João D'Aliança, em julho deste ano

Amilton Sá / Rede Contra Fogo
Recuperação da área original

A área ampliada do parque em 2017, na verdade, foi uma recuperação de parte do território original da Chapada dos Veadeiros, que foi diminuído ao longo do tempo.

O parque foi criado em 1961 pelo presidente Juscelino Kubitschek, com uma área total de 625 mil hectares. Dez anos depois, em 1972, a Chapada sofreu o primeiro revés. A área foi reduzida para 171 mil hectares.

Em 1981, novamente uma década depois, durante o governo militar de João Batista Figueiredo, veio a segunda redução. O território do parque foi diminuído para 65 mil hectares, área equivalente a cerca de 10% do território inicial e que perdurou até 2017.

O projeto de Delegado Waldir pretende retornar ao patamar dos 10% do território original, atingidos durante a Ditadura Militar.

“Ao ampliar demasiadamente a área, entendemos que o Presidente da República exorbitou de seu Poder  Regulamentar, em virtude do aumento da área quase quatro vezes maior que os limites anteriormente estabelecidos”, diz o texto da justificativa do projeto.

Mais uma ameaça

Em 2017, a Chapada dos Veadeiros foi alvo de uma onda de incêndios florestais que consumiu quase que totalidade do parque nacional. A vegetação ainda está em fase de recuperação e a população local se mobilizou para conter novas investidas de incêndios criminosos, especialmente durante o período de estiagem.

A proposta é vista pelos moradores como mais uma ameaça à Chapada, pois, além dos incêndios, nos últimos anos, a região tem sofrido com o avanço da monocultura, do desmatamento do Cerrado e aumento das áreas de pastagem.

Assim que a matéria foi protocolada e chegou ao conhecimento da população, iniciou-se uma levante para votar contra no espaço do cidadão, na página da Câmara dos Deputados. Até a tarde desta terça-feira (10/8), 99% dos votos cadastrados eram totalmente contrários ao projeto. Isso equivale a 3.530 pessoas.

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