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Projeto distancia favela do Jacarezinho do estigma de violência

Ação promovida por ONG local oferece opções de cultura, esporte e lazer para jovens da comunidade na zona norte carioca

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Jovens do Jacarezinho recebem apoio da Ong Viva Jacarezinho pra conseguir construir um futuro longe da violência
1 de 1 Jovens do Jacarezinho recebem apoio da Ong Viva Jacarezinho pra conseguir construir um futuro longe da violência - Foto: Aline Massuca/Metrópoles

O jovem Gabriel, de 13 anos, é morador da comunidade do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro. Ele ajuda a mãe a vender salgados para complementar a renda da família.

Pelos colegas, foi apelidado de “Gabigol”, uma referência ao craque do Flamengo. O menino é um dos beneficiados do projeto social desenvolvido pela organização não governamental (ONG) Viva Jacarezinho há 15 anos.

Dirigida por Elias Junior e Venilson Marques, a iniciativa promove cultura, esporte, lazer e qualificação profissional aos moradores da comunidade. O Gabigol do Jacarezinho também se diverte nos gramados.

Incentivados pelos pais e com o suporte da ONG, esses jovens muitas vezes têm uma rotina dura de trabalho, fazendo os chamados “bicos”, para ajudar no sustento de casa. Mas ainda encontram tempo para aproveitar as oportunidades oferecidas pela organização.

O Jacarezinho é uma área conhecida pelos conflitos armados que, por vezes, acabam em tragédias, como no caso da operação policial – classificada como a letal da história do estado – que resultou em 27 mortes em 6 de maio.

Crescer em uma favela do Rio de Janeiro significa conviver com essa realidade e, com frequência, ainda acumular a responsabilidade de ganhar dinheiro. É uma combinação que resulta em um amadurecimento precoce, visível nas frases e gestos de muitas crianças.

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A reportagem do Metrópoles chegou ao Jacarezinho no início da manhã sendo recebida por Venilson Marques. Ele nos levou até a casa de Ana Julia, de 6 anos, aluna da turma de balé há pouco mais de um mês.

O zelo da mãe pela menina é constatado no quarto onde ela dorme, arrumado e decorado por brinquedos. Do lado de fora da residência, buracos de bala na fachada.

A sede da ONG é um prédio de três andares. O terraço tem uma vista de 360 graus que permite ver a imensidão que é o Jacarezinho.

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Os trilhos do trem que atravessam a comunidade são escolhidos como o cenário para o ensaio fotográfico com três alunas e um aluno das aulas de balé: Beatriz, de 15 anos, Yago, 13, Yasmin, 15 e Mirihele, 15 anos.

A dona de casa Ana Cristina, mãe de Yago Luiz, falou sobre o orgulho de ver o filho inserido no universo da dança.

“Abriu portas não só para ele, mas a outras crianças. No meio de tanta violência e discriminação, nossa comunidade também tem o direito a ter oportunidades melhores”, diz a mãe. Ela menciona que, em outro lugar, não teria condições de pagar pelas aulas de balé.

“Esse projeto para mim é tudo, não sei o que faria sem. Hoje estou certa do que quero para a minha vida, que é dançar”, diz Erica Suzane, de 15 anos, que há quatro anos faz parte da turma de balé. “Gabigol” e seu colega Ruan, de 13 anos, são integrantes da escolinha de futebol.

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Assim como no caso da turma de balé, eles acompanham a reportagem do Metrópoles pelas ruas da comunidade em busca de um local para a produção das fotos que ilustram esta reportagem.

Daniele dos Reis, a mãe de Ruan, fala sobre a paixão do filho pela bola. “Esse menino pensa em futebol o dia todo. Tudo pra ele é futebol, só fala nisso. Fico muito grata por essa oportunidade de fazer parte de um projeto como esse. Não é fácil criar um garoto na idade dele numa favela”, pontua a mãe.

Núbia Santana, mãe de Gabriel, explica a transformação alcançada com a presença da Viva Jacarezinho: “Meu desejo é que esse projeto se estenda para mais jovens, porque a comunidade em si já é ‘pichada’, porque, lá fora, pensam que o jovem de comunidade é criminoso, envolvido com droga, mas o projeto dá a oportunidade de se mostrar justamente o contrário. Meu filho tinha o sonho de jogar bola e essa oportunidade se abriu para ele”.

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