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Professores temem que reabertura das escolas eleve contágio da Covid-19

Em São Paulo docentes pedem que decisão de volta às aulas presenciais seja revisada, devido ao acirramento da pandemia

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1 de 1 Aluna de escola privada - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

São Paulo – Com a aproximação do início do ano letivo, professores temem que decisões como a de São Paulo de reabrir as escolas para as aulas presenciais se tornem uma tendência no país e elevem o risco de contágio da Covid-19. Os docentes alegam que a medida é contraproducente num momento em que há acirramento da crise sanitária com a segunda onda de casos da doença no país.

De acordo com a diretora do SinproSP Silvia Barbara, entidades representativas de professores do país tentaram discutir a volta às aulas na Justiça, não conseguiram e pressionam para que São Paulo recue. Há entre os docentes expectativa de que a repercussão tenha impacto nacional.

A presidente do SinproSP afirma que a categoria nunca defendeu que as escolas somente fossem reabertas depois da campanha de imunização. “Mas percebemos que falta uma postura de razoabilidade em um momento de agravamento da pandemia e de surgimento de novas variantes do vírus. A situação é diferente da que tínhamos em novembro”, diz.

O início de janeiro tem sido marcado no estado pela retomada da tendência de crescimento no número de casos, mortes e internações pela Covid-19 não só em São Paulo, mas em quase todo o país. Apesar dos dados, o governo paulista assegura que a alta não está relacionada ao comportamento de crianças e de estabelecimentos comerciais.

Segundo o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, os principais vetores nesta segunda onda são jovens que têm frequentado festas clandestinas e que não seguem os protocolos, por acreditarem que terão apenas sintomas leves da doença.

O governo estadual se escora especialmente em um manifesto de novembro assinado por mais de 400 pediatras, que ressalta os prejuízos das escolas fechadas para as crianças. Para a diretora do sindicato de professores, “é estranho que insistam no mesmo discurso que tinham em novembro, quando as taxas de contágio estavam caindo”. “O que me surpreende é que a conjuntura mudou, mas o discurso continua o mesmo”, disse ao Metrópoles.

No documento, os pediatras afirmam que as crianças correspondem a apenas 1% dos óbitos causados pela Covid-19 e que, segundo a Sociedade de Pediatria de São Paulo, as infecções são cerca de 2% do total. Um dos divulgadores do manifesto, o pediatra Paulo Telles argumenta, em vídeo, que as crianças são assintomáticas ou apresentam sintomas leves, o que faz com que tenham menor potencial de transmissão do vírus, representando menos perigo.

“Com medidas de prevenção, a escola é segura para professores, funcionários e alunos. No Brasil e no mundo, as crianças se infectaram mais em casa do que na escola. Os impactos do isolamento social prolongado no desenvolvimento infantil e na saúde mental são imensos, como obesidade, transtorno de ansiedade e transtorno de sono”, afirma.

Protocolos nas escolas

A professora Flávia Bischain, uma das diretoras da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), concorda com os argumentos do médico, mas afirma que não é com o retorno às aulas presenciais que os problemas serão resolvidos. “O que tem que ser feito diante disso? Defendemos que tem que ser garantido atendimento psicológico, segurança alimentar, internet, proteção em caso de abuso e não mandar para a escola no meio da crise da segunda onda. Isso só vai agravar a situação”, disse ao Metrópoles.

Segundo ela, os protocolos não estão sendo seguidos nas escolas públicas porque não há estrutura, como ventilação adequada, nem funcionários suficientes. “A gente não pode enxergar as crianças de forma isolada. No Brasil, um dos maiores fatores de risco é a pobreza, e são essas crianças da rede pública, em sua maioria moradores da periferia, e suas famílias, que vão ser as mais afetadas com aumento da contaminação que já acontece no país todo”, acrescenta.

O secretário de Educação de SP, Rossieli Soares, tem apostado nas normas sanitárias para diminuir o contágio no ambiente escolar. “Queremos as escolas abertas com todos os protocolos para evitar contaminações. Sabemos que nas escolas o risco é baixo, fato comprovado quando nosso monitoramento aponta para nenhuma transmissão dentro do ambiente escolar desde o retorno opcional das atividades, em setembro passado”, disse, segundo nota da Secretaria Estadual de Educação.

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GDF segue plano de retorno às aulas
MPDFT pede ao GDF plano de retorno das aulas presenciais na rede pública
Aulas devem ser retomadas em agosto
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Aulas devem ser retomadas em agosto

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A secretaria também afirma que a decisão de reabrir as escolas se baseia “em experiências internacionais e nacionais e tem o intuito de garantir a segurança dos alunos e professores, bem como o desenvolvimento cognitivo e socioemocional das crianças e adolescentes”. O Metrópoles tentou contato com o grupo de médicos, mas não obteve resposta.

Preocupação é global

A situação é tema de debate ao redor do mundo, e não há consenso. Nova York, por exemplo, abriu as escolas para aulas presenciais em setembro do ano passado e, em novembro, devido ao aumento de casos, decidiu fechar novamente. Lá, assim como no Brasil, também há registros de alunos que não estão conseguindo acompanhar as aulas on-line – lá, são cerca de 60 mil de 1,1 milhão de estudantes.

Na França, por outro lado, as escolas estão abertas desde maio. Algumas unidades, no entanto, suspenderam o ensino presencial por causa da segunda onda da doença. Assim como em São Paulo, o argumento é que os casos de contaminação ocorreram fora do ambiente escolar.

No Brasil, o Ministério da Educação homologou em dezembro resolução do Conselho Nacional de Educação que permite ensino remoto enquanto durar a pandemia. Antes, isso era permitido só até dezembro de 2020.

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