Professor indígena morre após ser espancado em Santa Catarina
Marcondes Namblá era orientador da língua xokleng e formado pela UFSC no curso de Licenciatura Intercultural Indígena
atualizado
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Após ter sido vítima de espancamento na madrugada do Ano-Novo em Penha, Litoral Norte de Santa Catarina, Marcondes Namblá, professor indígena da tribo de Xokleng, de 38 anos, morreu na terça-feira (3/2). Marcondes estava internado em Itajaí, cidade a 94km da capital Florianópolis. A informação é do Diário Catarinense.
A reportagem da NSC TV, filiada da TV Globo em Santa Catarina, teve acesso às câmeras de monitoramento que filmaram a agressão. Nelas, um homem aparece na esquina da rua com um cachorro e um pedaço de madeira na mão. Ele fica andando de um lado para o outro até aparecer Marcondes.Segundo a reportagem, na madrugada do dia 1º de janeiro, ele foi encontrado desacordado na Rua Eugênio Krause. O Corpo de Bombeiros foi chamado por volta das 5h30. A vítima estava inconsciente, com um machucado profundo na cabeça e sangramento nos ouvidos.
O indígena e o suposto criminoso conversam rapidamente até que Marcondes vira de costas. O agressor dá uma pancada na cabeça dele com a madeira. O professor cai no chão e continua sendo espancado. Em seguida, o agressor foge.
O professor lecionava na escola indígena José Boiteux laklano, era orientador e lutava para fortalecer a língua xokleng. Conhecido por todos na aldeia da Barragem, na cidade, ele havia sido eleito juiz indígena pelos caciques em outubro. Com a função, era responsável por fazer com que as normas da aldeia fossem cumpridas.
De acordo com informações da amiga e parceira de trabalho da vítima Janaina Hubner, o colega teria ido trabalhar com um grupo no Litoral Norte vendendo picolé. Em determinado momento, Marcondes havia saído sozinho para caminhar e ver a festa de Réveillon, mas não retornou. No dia seguinte, os companheiros descobriram que ele estava no hospital.
“Não sabemos quem o encontrou, se já estava desacordado, espancado. Essa é a informação que eles têm. Desconfiam de assalto, mas achamos que foi excesso de violência”, diz Janaina.