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Professor da UFG admite ato “incompatível” após gargalhada sobre mortos da Covid

Em acordo assinado com UFG, professor que zombou de mortes na pandemia se comprometeu a não agir de forma parecida pelos próximos 2 anos

atualizado

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Reprodução: vídeo aula on-line
Jose Ricardo Sabino
1 de 1 Jose Ricardo Sabino - Foto: Reprodução: vídeo aula on-line

Goiânia – Depois de levantar polêmica por dar gargalhadas em aula on-line ao falar de mortos pela Covid-19, um professor doutor da Universidade Federal de Goiás (UFG) assinou termo de ajustamento de conduta (TAC) para admitir que teve “conduta incompatível”. Ele também se comprometeu a não repetir esse comportamento pelos próximos dois anos.

Professor do Instituto de Física da UFG, José Ricardo Sabino foi investigado pela instituição após minimizar os efeitos da pandemia, que, no dia de sua aula on-line, em março, já havia matado 311 mil no Brasil. De lá para cá, o número de vítimas, no país, aumentou 87%, passando para 582 mil mortos por complicações da Covid-19.

Veja o vídeo:

Acordo

A UFG entendeu que a saída mais adequada para o caso seria a assinatura do TAC, após instaurar um processo administrativo disciplinar. A Comissão de Ética e Coordenação de Processos Administrativos (CDPA) da instituição apurou os fatos, com base no próprio vídeo da aula on-line.

O professor assinou o TAC para não ser punido com suspensão de até 30 dias, e não somente advertência, considerando a Instrução Normativa da Controladoria-Geralda União (CGU) nº 04/2020. Ele continua a receber sua remuneração, normalmente.

“Como resultado de sua apreciação, o docente assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), em que declara reconhecer que teve uma conduta incompatível com o que se espera de um servidor público federal, do ponto de vista normativo-disciplinar e ético”, informou a instituição, em resposta ao Metrópoles.

No texto enviado ao portal, a UFG não classificou a gravidade da conduta do professor, que, na aula, disse:

“Você vai me chamar de genocida, mas as pessoas morrem, sabe? As pessoas morriam antes da pandemia. Há indícios de que as pessoas morriam antes. Há indícios de que não havia UTI antes da pandemia”, afirmou, após iniciar uma sequência de gargalhadas.

A universidade estabeleceu, ainda, um prazo para que o professor não repita a mesma conduta. “Também houve compromisso de não cometer ilícitos com base nesta questão pelos dois anos seguintes à assinatura do documento, sob o risco de responder um novo processo administrativo”, disse a instituição.

LAI

Por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), o portal pediu acesso à íntegra da decisão que determinou a assinatura do TAC, mas teve o pedido negado pela UFG sob a alegação de que o documento ficará restrito por dois anos. “O TAC terá acesso restrito até o seu efetivo cumprimento ou até a conclusão do processo disciplinar decorrente de seu descumprimento”.

Por isso, a universidade informou que somente pode prestar informações que0 “não comprometam o devido tratamento do caso, bem como as que não exponham indevidamente as partes envolvidas”.

A UFG disse se colocar do lado da defesa da ciência e da comprovação dos fatos à luz do conhecimento e que reprova toda forma de “achismo” e “negacionismo” em relação ao que chamou de “evento com consequências tão drásticas para a sociedade”, como a pandemia da Covid-19.

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Cemitério de Goiânia

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Coveiros em trabalho em Goiânia

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Outras declarações

Na época, em outro trecho do vídeo, o professor insistiu, durante a aula on-line, na defesa de medicamentos sem eficácia comprovada cientificamente contra a Covid-19.

“Há indícios de que continua negando que remédios podem fazer algum auxílio. Há gente negando, apesar de haver estudos”, diz. “Eles resolveram não estudar os remédios”, disse ele, no vídeo.

Além da falta de comprovação científica, não há recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a eficácia de medicamentos como cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina no tratamento de pessoas com Covid-19, por exemplo. A eficácia deve ser comprovada com estudos científicos completos que tenham metodologia rigorosa.

Depois, mais adiante no vídeo, o professor seguiu contrariando a ciência e disse acreditar, por simples dedução pessoal, que o uso simultâneo de mais de uma máscara de proteção facial não tem eficácia contra o coronavírus.

“Eu acredito, na minha opinião, não li em lugar nenhum, mas eu coleto as informações como elas estão expostas. Estão dizendo que agora tem que usar duas máscaras, quatro máscaras, mas, se uma não funciona, por que duas vão funcionar, por que quatro vão funcionar? Então, não é a máscara”, afirmou.

Na época, o professor pediu desculpas, em nota divulgada por ele logo depois da repercussão negativa de suas declarações.

O Metrópoles não conseguiu contato com o professor para ele se manifestar sobre a assinatura do TAC.

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