metropoles.com

Procuradoria processa internautas que xingaram homossexuais

MPF afirma que declarações não são liberdade de expressão, mas ofensa à honra e à dignidade e solicita indenização de R$ 20 mil e retratação

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Michael Melo/Metrópoles
m„os no computador, teclado, foto Michael Melo/MetrÛpoles
1 de 1 m„os no computador, teclado, foto Michael Melo/MetrÛpoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

O Ministério Público Federal entrou com duas ações civis públicas contra dois internautas que chamaram homossexuais de “desgraça” e “aberração” na internet. A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) apontou que as manifestações veiculadas no Youtube e no Facebook, por Altair Francisco Genésio e Gustavo Canuto Bezerra, respectivamente, foram injuriosas e discriminatórias.

As informações foram divulgadas pelo Ministério Público Federal nesta sexta-feira, 8. Segundo a Procuradoria, os casos foram investigados em dois inquéritos civis, instaurados a partir de representação de usuários do Facebook e de procedimento encaminhado pelo Ministério Público do Mato Grosso do Sul.

Segundo a ação civil pública (5010720-05.2019.4.02.5101), Gustavo Canuto Bezerra postou o conteúdo em seu Facebook. A mensagem foi capturada por outros internautas.

“Todo homossexual é promíscuo. Não tenho amigos assim. Não quero perto dos meus filhos e da minha família. Graças a Deus que a lei da homofobia será revogada pelo novo presidente. Essa minoria voltará aos guetos que é o seu lugar. Os locais públicos terão uma faixa bem visível dizendo: AMBIENTE HETERONORMATIVO. Voltaremos a poder não aceitar esses anormais em nossos estabelecimentos”, escreveu Gustavo Canuto Bezerra.

À ação civil nº 5011380-96.2019.4.02.5101, o Ministério Público Federal juntou um vídeo gravado por Altair Francisco Genésio e compartilhado nas redes sociais. Nas imagens, o internauta fala sobre a sentença da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos da Comarca de Campo Grande/MS, que havia condenado o jornalista Roberto Flávio Cavalcante ao pagamento de danos morais coletivos por divulgação de discurso homofóbico na internet.

No vídeo, Altair Francisco Genésio afirmou. “Como é que uma raça dessa ainda se sente ofendida? Eles são a própria ofensa em pessoa! Vocês, quando saem na rua, vocês enojam a sociedade. Vocês ficam se lambendo pela rua, a coisa mais nojenta, a coisa mais abominável… Vocês são a aberração! Vocês são a desgraça da espécie humana, se é que podemos chamar vocês de ser humano. […] Tem que pegar uma AIDS, já que vocês são hospedeiros de doença. Tem que pegar uma AIDS e morrer, miserável. Baixar no inferno.”

Ainda segundo a ação, Genésio afirmou no vídeo: “A gente morre, a gente não nega nossos princípios e valores, que são a Causa de Jesus Cristo. Homossexualismo é possessão demoníaca, o final é o inferno […] Processa a Geração Jesus Cristo, que a gente pega seu processo e joga no lixo. Vem na porta da nossa igreja pra você ver. […] Faz o que você quiser que a gente tá cuspindo na Constituição. A gente tá cuspindo na lei dos homens […] Nós seguimos é a Bíblia, que é lei de Deus. Fica aqui a minha indignação, seu bando de desgraçados, miseráveis”.

Para os procuradores regionais dos direitos do cidadão Ana Padilha Luciano de Oliveira, Sergio Gardenghi Suiama e Renato Machado, que assinam as ações, “as manifestações dos demandados não restringiram-se ao exercício do direito de crítica, revestindo-se de inequívoco caráter ofensivo à honra e à dignidade de milhões de cidadãos brasileiros”.

“Não pode, assim, ser a liberdade de expressão ser invocada para exonerar os réus da sua responsabilidade civil pelo dano moral coletivo causado, nos exatos termos do que dispõe o inciso X do art. 5o da Constituição”, afirmaram os procuradores.

As ações civis ajuizadas requerem a condenação dos réus ao pagamento de indenização por dano moral coletivo, no valor de R$ 20 mil a serem revertidos ao Fundo Federal de Direitos Difusos e Coletivos. A Procuradoria pede ainda que sejam veiculadas mensagens de retratação, feitas pessoalmente pelos demandados.

A reportagem está tentando localizar os citados. O espaço está aberto para manifestação.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?