Procuradoria da República do DF investigará nomeação de Segovia
O ex-diretor-geral da PF foi demitido em 27 de fevereiro e nomeado como adido na Itália dois dias depois
atualizado
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A Procuradoria da República no Distrito Federal decidiu investigar se houve irregularidades na nomeação de Fernando Segovia como adido da Polícia Federal na Itália. As informações foram divulgadas pela TV Globo.
Demitido em 27 de fevereiro deste ano, o ex-diretor-geral da PF foi nomeado adido no dia 1º de março, ou seja, houve um intervalo de dois dias entre ambos os acontecimentos.Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o processo teve um rito mais curto do que o normal – esse tipo de nomeação costuma levar dois meses para acontecer. Além disso, também há suspeita de a designação para o novo posto ter desrespeitado regras internas da Polícia Federal, que estipulam quarentena de três anos para os delegados da PF ocuparem adidância policial em embaixadas: Segovia foi adido na África do Sul até 2017, o que impossibilitaria uma nova nomeação.
A investigação preliminar da procuradoria, denominada “Notícia de Fato”, consiste em um levantamento de informações em fase anterior à eventual instauração de inquérito sobre a suposta ilegalidade na nomeação de Segovia como adido.
Passagem breve pela PF
Segovia ficou pouco mais de três meses na chefia da PF. O delegado se notabilizou pela declaração durante entrevista à Reuters de que a mala de R$ 500 mil em dinheiro vivo em poder de Rodrigo Rocha Loures (MDB-RS), ex-assessor do presidente Michel Temer (MDB-SP), não seria suficiente para caracterizar crime de corrupção. Com isso, o gestor indicou tendência pelo arquivamento do inquérito contra o presidente em curso na corporação, relacionado ao chamado Decreto dos Portos.
Minutos depois de fazer a declaração a Reuters, o então nº 1 da PF recebeu o Metrópoles e culpou a imprensa por vazamentos de detalhes de investigações sigilosas: caso da própria apuração do Decreto dos Portos.
A manifestação de Fernando Segovia causou forte reação por parte de associações de delegados; um pedido de retratação por entidade de policiais federais; solicitação de esclarecimento do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, além de petição da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para que ele se abstivesse de “qualquer ato de ingerência” sobre investigação em curso, sob pena de afastamento do cargo. Acabou demitido pelo ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, dias depois.