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“Processo muito doloroso”, diz deputada após receber ameaça de morte

Deputada federal Carol Dartora (PT-PR) recebeu diversos e-mails com ameaças de morte e ataques racistas

atualizado

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Foto colorida da deputada federal Carol Dartora (PT-PR) - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida da deputada federal Carol Dartora (PT-PR) - Metrópoles - Foto: BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto

A deputada federal Carol Dartora (PT-PR) compartilhou, em entrevista ao Metrópoles, o impacto emocional após ser vítima, novamente, de ataques racistas e ameaças de morte por exercer o mandato de parlamentar. Dartora é a primeira deputada federal negra eleita pelo Paraná.

“Esse processo tem sido um processo, confesso, muito doloroso, muito difícil, que tem exigido muito de mim. Ontem mesmo eu falava sobre isso. Eu sou uma mulher preta, eu sou uma mulher retinta, meu cabelo é crespo, 4C”, contou a deputada.

Confira o trecho:

Carol Dartora enfatiza que enfrenta discriminação desde muito cedo e que utilizou a luta antirracista como bandeira política em prol da igualdade racial.

“Durante toda a minha trajetória, eu fui perpassada das mais diversas maneiras pelo racismo, ao passo que isso se tornou a minha especialidade. O meu tema de mestrado foi dentro da questão racial. É meu fazer, o meu fazer político, o meu trabalho hoje. Sou a primeira deputada negra, primeira deputada federal negra eleita pelo meu Estado com o combate ao racismo sendo uma das coisas mais fortes no meu mandato”, afirmou a deputada.

A parlamentar paranaense começou a receber ameaças em 14 de outubro deste ano. Desde então, foram 43 e-mails com conteúdo violento. Em uma das mensagens, o criminoso dizia que iria invadir o gabinete da deputada, na Câmara dos Deputados, para atear fogo nela e no local.

“Nas ameaças de morte, por exemplo, a pessoa diz que vai entrar no meu gabinete quando eu menos esperar e tocar fogo em mim, comigo lá dentro. Para que essa mudança de gabinete ocorra, é um trâmite tão burocrático que eu não fui trocada de gabinete até agora”, destacou Dartora.

Denúncia na PF

O Metrópoles procurou a Câmara dos Deputados e a liderança do PT na Casa Legislativa. A equipe de Odair Cunha (PT-MG), líder do partido, informou que conversou com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que teria se comprometido a realizar a troca de gabinete da deputada e fazer o que for necessário para garantir a integridade e segurança de Carol Dartora.

Depois dos ataques racistas e das ameaças de morte, a deputada denunciou o caso na Polícia Federal (PF) e na Polícia Legislativa da Câmara. Como deputada federal, Carol Dartora defende a necessidade de alteração na atual legislação, em especial para proteção de mulheres negras.

“O que eu percebo é que a gente ainda não se organizou efetivamente para receber as mulheres que estão chegando na política, tanto mulheres quanto mulheres negras. As mulheres sofrem muito na política institucional. E a gente já tem a legislação de violência política de gênero, mas a gente ainda não tem uma legislação que abranja a violência política de gênero e raça, que é a violência que eu sofro, uma violência somada.”

A legislação atual prevê o crime de violência política de gênero, quando a candidata ou parlamentar é vítima de alguma atitude que visa afastá-la dos espaços de poder ou decisão.

Veja a entrevista completa:

 

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