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Problema maior da intolerância está na economia, diz cientista social

Escritor da obra A Era da Intolerância falou com o Metrópoles sobre liberdade de expressão e ataques a democracia

atualizado

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Dia de Combate à Intolerância Religiosa
1 de 1 Dia de Combate à Intolerância Religiosa - Foto: Getty Images/Reprodução

A polarização nas eleições de 2022 não vem de hoje – assim como os casos de intolerância vistos todos os dias mundo afora. E o problema tomou uma dimensão bem maior por causa das redes sociais. Cientista social, jornalista e escritor, Thales Guaracy chama atenção para uma das explicações para essa disseminação do ódio também comum na sociedade: a economia.

“O problema maior da intolerância está na economia. A concentração de renda se tornou algo exponencial. Não aceitar o diferente faz parte do processo de acirramento da intolerância. Sobretudo, não entendemos questões básicas”, declarou Guaracy, em conversa com o Metrópoles.

Não à toa, pesquisa feita pela Ipsos mostra que quase dois terços dos brasileiros acreditam que o país será menos tolerante em 2022. A pesquisa perguntou se as pessoas no seu país seriam mais tolerantes no próximo ano, e 62% responderam que não. O Brasil ficou perto da média mundial, de 61% de pessoas vendo a intolerância crescendo no ano que vem. O primeiro lugar foi da França, em que 81% previram um 2022 intolerante. Em 2021, denúncias de intolerância religiosa cresceram 141% no Brasil.

No livro A era da intolerância: O início do século 21 e o desafio da sociedade democrática, lançado pela Matrix Editora, ele aborda a perspectiva histórica dessa intolerância, desde o início dos anos 2000 até a pandemia de Covid-19. E aprofunda exatamente questões que envolvem crises econômicas, políticas e sociais que impactaram o mundo nos últimos anos e os principais desafios enfrentados pela sociedade durante esses períodos.

“A intolerância está na grande e nas pequenas coisas do cotidiano”, afirma o escritor. Para ele, a disparidade econômica entre as diferentes classes sociais dos países capitalistas é uma das principais causas da intolerância.

Guaracy afirma que a internet é um dos atores responsáveis pelo avanço da liberdade e que, também, é um campo em que os conflitos e choque de ideais acontecem. A sociedade encontra com facilidade nas redes sociais pessoas com ideias conflitantes, e surgem os embates.

Internet

O escritor reitera que a sociedade brasileira ainda está aprendendo a lidar com a intolerância dentro da internet. Por se tratar de uma questão nova, precisa de uma união entre as pessoas sobre temas comuns à população do país.

“O efeito que a internet está causando é danoso. Precisamos ir pelo caminho do entendimento e da razão. Nenhuma loucura irá durar por muito tempo”, alega o escritor.

Para Guaracy, a intolerância fere um dos princípios básicos da Constituição Federal, a premissa de que todos os brasileiros são iguais perante a lei. “A intolerância vem como veneno para tentar derrubar o princípio da igualdade que é a base da democracia”, afirma o jornalista.

A intolerância é a falta de capacidade de respeitar as diferenças de ideias, crenças ou atitudes diferentes. O escritor afirma que a democracia é o único sistema político em que os cidadãos podem atacar ou criticar o governo de forma livre e sem censuras, contudo, deve haver respeito e cuidado sobre o nível da opinião.

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