Prisão de Lula pode ser considerada “regalia”, diz presidente do TRF4
As declarações foram dadas em entrevista à Rádio Gaúcha. Laus defende que o ex-presidente saia de Curitiba
atualizado
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O presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Victor dos Santos Laus, considerou uma “situação extraordinária” a decisão de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recusar o regime semiaberto. Para o desembargador, o petista “não é bem-vindo onde está”.
As declarações foram dadas em entrevista à Rádio Gaúcha. Laus defende que Lula saia de Curitiba. “Aquela situação está desvalorizando imóveis da região, causando tumultos à comunidade que mora na vizinhança”, declarou nesta terça-feira (01/10/2019).
O desembargador destacou que o fato de o petista recusar um benefício é uma “situação extraordinária”. “Uma vez implementado o tempo necessário, ele progride, sim, de regime”, frisou.
Desde 7 de abril de 2018, o ex-presidente cumpre pena por corrupção e lavagem de dinheiro na superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.
Laus salientou as “manifestações” contra a permanência de Lula no local. “Nós já recebemos manifestações da comunidade de Curitiba. O ex-presidente sabe que ele não é bem-vindo onde está por parte da comunidade de Curitiba, do morador da cidade”, ponderou.
Nessa segunda-feira (30/09/2019), Lula divulgou uma carta afirmando que não aceita “barganhar” direitos para deixar a prisão. “Não troco minha dignidade pela minha liberdade”, protestou. “Quero que saibam que não aceito barganhar meus direitos e minha liberdade”, reagiu o ex-presidente, em resposta à Lava Jato.
Na última sexta-feira (27/09/2019), a força-tarefa havia recomendado que a Justiça Federal concedesse a progressão de regime ao ex-presidente. À Rádio Gaúcha, o desembargador também afirmou que as condições da prisão de Lula podem ser consideradas uma “regalia”.
“O ex-presidente desfruta de uma condição especialíssima. Ele não está preso em estabelecimento que rigorosamente é destinado a todos os demais presos. Está numa situação absolutamente especial, até em função da condição de ex-presidente. Pode-se dizer que isso é uma regalia”, finalizou.
Laus tomou posse como presidente do TRF-4 no fim de junho deste ano. No início de 2018, foi um dos desembargadores da 8ª Turma que mantiveram a condenação de Lula no caso do triplex do Guarujá, aumentando a pena imposta ao ex-presidente de nove anos e seis meses para 12 anos e um mês de prisão.