Primo do coronel Ustra está entre os militares dispensados por Lula
Nesta terça-feira (17/1), foram dispensados dezenas de militares, a maioria da Coordenação de Administração do Palácio da Alvorada
atualizado
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Entre as dezenas de militares dispensados nesta terça-feira (17/1) pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), está o tenente-coronel Marcelo Ustra da Silva Soares, primo do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos principais torturadores da ditadura militar.
Na edição desta terça-feira (17/1) do Diário Oficial da União (DOU), a Secretaria-Geral da Presidência da República dispensou 40 militares da Coordenação de Administração do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República.
Na publicação, não há justificativa para a dispensa, mas ela ocorre após a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, expor os danos no Alvorada encontrados pela equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) depois que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desocupou o local.
Também foram exonerados militares lotados no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), como era o caso de Marcelo Ustra. Ele exercia a função de assessor técnico militar na Coordenação-Geral de Operações de Segurança Presidencial, ligada à Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI.
Primo de Ustra integrou comitiva de Bolsonaro
Como mostrado pelo Metrópoles na segunda-feira (16/1), Marcelo Ustra integrou a equipe de segurança de Bolsonaro na viagem aos Estados Unidos. Segundo o Portal da Transparência, Marcelo Ustra esteve em Orlando no período de 28/12/2022 a 1º/1/2023.
Marcelo é bisneto de Celanira Martins Ustra, avó de Brilhante Ustra. Ele estava empregado no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), conforme publicado pelo colunista Guilherme Amado em julho de 2021.
Na ocasião, Marcelo negou relação familiar com sua nomeação. “A nomeação não tem absolutamente nada a ver com indicação, com família. É uma nomeação de um plano normal de seleção dentro do Exército”, afirmou.
Denúncias de tortura
Brilhante Ustra comandou o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), em São Paulo, durante a ditadura militar, quando 502 pessoas teriam sido torturadas no local e 50, mortas pelo órgão. Ustra sempre negou as acusações, apesar dos inúmeros relatos de ex-presos e até de ex-agentes registrados em documentos e livros.
Bolsonaro exaltou Ustra em diversas ocasiões e chegou a dizer que o livro “A Verdade Sufocada”, de Ustra, era seu livro de cabeceira.
A mais famosa declaração de Bolsonaro sobre o militar ocorreu quando era deputado federal, em 2016, ao votar pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT) — considerada uma das vítimas do DOI-Codi. Bolsonaro dedicou seu voto favorável ao impedimento de Dilma ao coronel.