Lula ataca Bolsonaro e diz que Lava Jato “desapareceu da sua vida”
O ex-presidente, que ficou preso 580 dias por corrupção e lavagem de dinheiro, fez o primeiro discurso após decisão do ministro Edson Fachin
atualizado
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São Bernardo do Campo – Pela primeira vez após ter tido as condenações anuladas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um discurso, seguido de entrevista coletiva. A manifestação do petista ocorre nesta quarta-feira (10/3), no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Antes do pronunciamento do ex-presidente, Wagner Santana, presidente do sindicato, subiu ao palco, pouco depois das 11h. Ao abrir o discurso, Lula disse esperar que todos estivessem de máscara. “Espero que todo mundo esteja de máscara, esteja se cuidando e que brevemente todos vocês tomem vacina.”
O ex-presidente lembrou o tempo em que esteve preso e afirmou que se entregou contra a vontade, mas também se recusava a ser um fugitivo. “Como eu tinha clareza das inverdades contadas sobre mim, tomei a decisão de provar a minha inocência dentro da sede da PF, perto do juiz [Sergio] Moro”, pontuou.
Lula ressaltou que, agora, a Lava Jato ficou para trás na vida dele, mas não sem dizer que foi “vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos de história”.
O petista destacou que também que tem razão para ter “muitas e profundas mágoas”. “Mas não tenho. Não tenho porque o sofrimento que as pessoas pobres estão passando é infinitamente maior do que qualquer crime que cometeram contra mim”, disse, em relação à crise provocada pela pandemia da Covid-19 no Brasil.
Durante quase uma hora e meia de discurso, Lula criticou a gestão de Jair Bolsonaro (sem partido) frente à crise provocada pelo novo coronavírus, defendeu a ampla vacinação da população contra a Covid-19 e agradeceu o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin.
Assista:
Discurso adiado
Lula discursaria na terça-feira (9/3), mas o pronunciamento foi adiado, após o Supremo Tribunal Federal pautar a suspeição do ex-juiz Sergio Moro.
O ex-juiz e ex-ministro da Justiça foi o responsável pela condenação em primeira instância do processo que tornou o ex-presidente inelegível.
Lula ficou preso 580 dias por corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do tríplex do Guarujá.
Nesse processo, ele foi condenado em 2018 a 12 anos e um mês de prisão, na segunda instância. Ano passado, foi condenado novamente em segunda instância – desta vez, no caso de Atibaia.
Em decisão unânime, o petista foi condenado a 17 anos e 1 mês de prisão também pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Com a decisão de Fachin, essas duas condenações foram imediatamente anuladas.
Entenda a decisão
O ministro do Supremo entendeu que as ações envolvendo o ex-presidente não poderiam ser julgadas pela Justiça Federal do Paraná, uma vez que os fatos apresentados não têm relação direta com o esquema de desvios na Petrobras, do qual Lula é acusado de integrar.
Fachin também argumentou que, desde o início da Operação Lava Jato, vários processos deixaram a Vara do Paraná pelo mesmo motivo.
Sendo assim, o ministro definiu que cabe à Justiça Federal do Distrito Federal decidir se os atos realizados nos processos envolvendo Lula podem ser validados ou reaproveitados.
A decisão de Fachin tem caráter processual. O ministro não analisou o mérito das condenações.