PRF retoma investigação sobre operações no 2º turno das eleições 2022
Investigação avalia se houve irregularidades nos bloqueios e operações realizadas pela PRF durante as eleições de 2022
atualizado
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A diretoria da Polícia Rodoviária Federal (PRF) anulou, nesta quarta-feira (19/4), o arquivamento da investigação que apura a atuação da corporação durante o segundo turno das eleições de 2022. As apurações serão retomadas nas superintendências da PRF em todos os estados.
Na ocasião, policiais rodoviários realizaram bloqueios e fiscalizações que afetaram a movimentação de eleitores na disputa entre o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo a corporação, “o surgimento de fatos novos, apresentados por outros órgãos públicos e veículos de imprensa, além da existência de lacunas técnicas no decorrer do processo apuratório, motivaram a anulação do pedido de arquivamento”.
No início deste mês, a PRF decidiu arquivar parcialmente a investigação interna, por entendimento do então corregedor-geral do órgão, Wendel Benevides Matos. Ele argumentou que não foram constatadas irregularidades.
Há suspeitas de que o chefe da corregedoria teria poupado o então diretor-geral da PRF, Silviniei Vasques, e terceirizou a eventual responsabilidade para servidores das superintendências locais. Matos foi indicado durante a gestão Bolsonaro e exonerado há duas semanas.
A Polícia Federal investiga uma possível interferência do então ministro da Justiça, Anderson Torres, na execução dos bloqueios.
Suspeita de parcialidade
Wendel Matos foi nomeado ao cargo em 2021 pelo ex-diretor-geral da corporação na gestão Bolsonaro, Silvinei Vasques, investigado por supostamente ordenar bloqueios ilegais em rodovias federais em 2022, na data do segundo turno das eleições.
Em nota, a PRF informou que a exoneração foi motivada para “afastar qualquer sugestão de parcialidade sobre processos apuratórios internos” envolvendo o caso de Silvinei Vasques, responsável pela nomeação de Wendel Matos.
“A PRF destaca que a dispensa do corregedor-geral teve a anuência da Controladoria-Geral da União, responsável pelo Sistema de Correição do Poder Executivo Federal (SisCOR). Ressaltamos que não houve a demissão do corregedor-geral. O procedimento adotado foi a exoneração do cargo. Por este motivo, ele ainda é servidor da PRF”, informou a corporação.
Improbidade Administrativa
Silvinei Vasques passou a ser alvo de críticas de diferentes órgãos e setores políticos após operações da PRF durante o segundo turno das eleições. As ações, realizadas em diferentes estradas, contaram com maior atuação no Nordeste, região em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obteve mais votos no primeiro turno.
Em vídeos que circularam no dia do pleito, vários eleitores nordestinos em transporte público se queixaram de que não estariam conseguindo chegar aos locais de votação. Após a repercussão de imagens que mostram agentes impedindo o trânsito de eleitores, o termo “Deixem o Nordeste Votar” ficou em primeiro lugar entre os assuntos mais comentados no Twitter.
Em novembro de 2022, a Justiça tornou Silvinei Vasques réu por improbidade administrativa por pedir votos para o então candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). A ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF).
De acordo com o MPF, Vasques pediu votos indevidamente ao então candidato à Presidência da República e atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (PL). Ao citar declarações de Vasques durante eventos públicos, o órgão alegou que o diretor usou a PRF para fazer uma “verdadeira propaganda político-partidária”.