Prevent escondeu morte de negacionista por Covid, diz revista
No total, 123 profissionais esconderam que médico Anthony Wong recebeu medicamentos do kit Covid
atualizado
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Vítima da Covid-19, a causa da morte do médico Anthony Wong foi ocultada por 123 médicos da Prevent Senior, segundo reportagem da Revista Piauí. Os profissionais atuaram em seu tratamento, mas mantiveram em sigilo que ele havia recebido o tratamento precoce, os tratamentos experimentais e a causa da morte.
Inicialmente, Wong foi hospitalizado com queda de pressão e mal-estar, mas logo recebeu o diagnóstico de úlcera gástrica e hemorragia digestiva após ser internado. “Durante a internação, evoluiu com quadro de descompensação do padrão cardíaco e padrões de fibrilação atrial”, informa o prontuário. A médica responsável pelo seu tratamento era Nise Yamaguchi, médica investigada pela CPI.
Nem o documento, nem o atestado de óbito, no entanto, informam que Wong estava com sintomas de Covid-19 há oito dias quando foi internado. O hospital em que permaneceu até sua morte é o Sancta Maggiore, que pertence à rede Prevent Senior. A empresa é alvo da CPI da Covid por suspeita de conduzir um teste com o chamado kit Covid sem conhecimento dos pacientes e forçar os profissionais a prescreverem esses medicamentos.
O médico se tornou popular nas redes sociais com a pandemia. Suas contas no YouTube e no Instagram tinham milhares de seguidores e reproduziam conteúdo negacionista. Quando ele morreu, seus familiares apagaram os perfis.
Em uma de suas últimas aparições públicas, Wong disse que brasileiro tinha imunidade alta contra os diversos tipos de coronavírus.
“Se fossem feitos testes como os que foram feitos em outros países, nós verificaríamos talvez que o índice de imunidade da população em geral também é alta, especificamente para a Covid-19”, afirmou Além disso, o médico repetia o discurso de Bolsonaro de que pessoas sem doenças prévias não sofreriam grandes consequências do vírus. Ele, no entanto, tinha apenas diabetes leve no momento da hospitalização.
Tratamento precoce
Ao ser internado, Wong afirmou que era a segunda vez que contraíra a doença e que vinha fazendo uso da hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia contra a Covid-19. Durante sua internação, o médico recebeu azitromicina, ivermectina, heparina inalatória, metotrexato venoso e ozonioterapia retal.
Apenas quatro dias depois de sua internação, Wong foi intubado. Então, ele acabou infectado por uma pneumonia bacteriana, que resistiu aos medicamentos. O médico sofreu um choque séptico, que provocou a falência dos órgãos e uma parada cardiorrespiratória.
Na data seu falecimento, 15 de janeiro, um teste PCR de emergência foi solicitado, mas o resultado não consta no prontuário.
O documento não segue as orientações das secretarias de São Paulo, que determina que deve constar Covid-19 na declaração caso esse tenha sido o motivo da internação.
Questionada sobre o caso, a viúva de Wong, Carla, afirmou: “A família informa que não tem poder para alterar nenhuma informação no atestado de óbito e vê com incredulidade a invasão do prontuário. Informa ainda que não existe nada a ser dito e pede que respeite o nome do doutor Anthony Wong.”