“Preto do caralho!”: aluno denuncia injúria racial em jogo de basquete
Gravação em jogo de basquete em Caldas Novas (GO) mostra gritos imitando macaco quando garoto pega na bola; ele também sofre xingamentos
atualizado
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Goiânia – Um estudante, de 16 anos, denuncia que foi vítima de injúria racial enquanto jogava uma partida de basquete. Segundo ele, teria sido chamado de “preto do caralho“. Vídeos do local também mostram alunos fazendo sons que imitam macacos durante a partida. O caso aconteceu na última quinta-feira (5/5), em uma escola estadual na cidade de Caldas Novas, no sul de Goiás.
Por meio das redes sociais, a mãe de Cauã Gomes, Celize Gomes, compartilhou um vídeo e fez um desabafo sobre a situação.
“Não porque quero lacre, e sim em forma de protesto, de expor essa realidade que não somente o meu filho passa, mas muitos passam, é triste e está me doendo. Passei por isso tantas vezes e me dói como mãe saber que isso ainda existe. Não é mimimi, não é vitimismo, essa monstru0sidade machuca a quem é atingido. Basta não dá mais. É combater diariamente sem cansar”, disse ela.
Veja o vídeo:
Sons e xingamentos
Pelas imagens é possível notar que pessoas na arquibancada da escola fazem sons que simulam macaco, quando o jovem aparece na jogada. Ele também é xingado durante a partida.
Ao Metrópoles, Celize disse que se sentiu impotente diante da situação. “Sentimento de muita tristeza. Me senti impotente, porque eu não estava lá na hora do acontecido, eu estava trabalhando. Eu não pude fazer nada pelo meu filho, a não ser protestar contra esse crime, expor no sentido de combater e conscientizar”.
Ainda de acordo com ela, não irá registrar uma ocorrência sobre o caso. “Ali tinham jovens, minha intenção única e exclusiva é conscientizar no sentido de combater. Além disso a injúria racial partiu da torcida, não tem como identificar quem fez”.
Providências
A situação aconteceu quando Cauã jogava basquete pelo campeonato estudantil de Caldas Novas. Ele é aluno do Colégio Estadual da Polícia Militar de Goiás (CEPMG) Nivo das Neves, no entanto, o jogo foi no Centro de Educação de Jovens e Adultos Filostro Machado Carneiro.
Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc-GO), informou que só tomou conhecimento da situação na terça-feira (10/5). A pasta afirma que fará a averiguação imediata dos fatos e tomará as providências necessárias.
Futebol
O último domingo (8/5) ficou marcado por episódios de racismo no futebol amador e até no Brasileirão Série A. Em Rio Verde, o árbitro Leonardo Trindade, que tem 43 anos, denunciou à à Polícia Militar que, após marcar uma falta durante uma partida amadora no distrito de Lagoa do Bauzinho, ouviu um torcedor gritar para ele da arquibancada: “Seu ladrão, macaco, preto, urubu”. O caso foi registrado.
Já em Goiânia, no Estádio Antônio Acioli, o meio-campo Fellipe Bastos, do Goiás, denunciou que foi chamado de “macaco” por um torcedor do Atlético Goianiense. O fato teria acontecido no final da partida em que a equipe esmeraldina venceu a rubro-negra por 1 a 0, no momento em que os jogadores se dirigiam para os vestiários. O caso também foi registrado na polícia e está sendo investigado.
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