“Preta nojenta”: mulher acusa vizinha de racismo e de soltar cão sobre ela
A educadora Izabele Santiago teve ferimentos na perna causados pelo ataque do animal e vai se mudar do condomínio em que mora
atualizado
Compartilhar notícia
Uma professora de 36 anos denunciou ter sido vítima de racismo e agressão física no condomínio onde mora, no Recreio dos Bandeirantes (RJ). Izabele Santiago afirmou que uma vizinha a chamou de “preta nojenta” e jogou o cachorro em cima dela, causando ferimentos na perna da educadora.
Nas redes sociais, a professora disse que estava esperando o elevador quando a moradora saiu com um cachorro de porte médio, sem uso de focinheira. O animal avançou sobre ela e, segundo conta, a dona disse que o cachorro ficaria mais nervoso caso ela gritasse mais.
Foi nesse momento que a mulher disse, segundo Izabele: “Se falar mais alguma coisa, eu jogo ele em cima de você, sua preta nojenta”. Izabele sofreu ferimentos na perna direita e está sendo medicada.
Ao portal Uol, a professora afirmou que o caso foi formalizado no livro de ocorrências da administração do condomínio e que a síndica tem dado a ela todo suporte.
“O peso emocional é muito grande e confesso que estou com medo também. Até agora, ela não fez nem um pedido de desculpas. O ser humano está muito desorientado. Eu vi só hoje as imagens, parece filme de terror. Ela volta correndo para jogar o cachorro em cima de mim”, lembrou Izabele.
“É ódio gratuito, o sentimento que eu tenho é de impunidade, tristeza e de reflexão. Saber onde nós, como sociedade, estamos errando. Era uma menina nova, jovem, deveria ter 25 anos no máximo, ou seja, deveria ser mais articulada a entender as situações, mas não, ela foi uma pessoa ruim”, continuou.
Mudança
Izabele contou que deixou o condomínio após a publicação em suas redes sociais por medo de que algo aconteça a ela.
“Não tem como ficar aqui, não me sinto segura. Ninguém do condomínio estava falando sobre isso, mas agora estão todos comentando. A gente não sabe a maldade que está no coração da pessoa. A gente não está no coração do outro, os tempos são maus. Uma pessoa que te ataca dentro do elevador, com câmera, com tudo. Ela continua andando com o cachorro como se nada tivesse acontecido”, explicou.
A Polícia Civil disse, em nota, que, “de acordo com a 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes), o fato foi registrado na unidade. Os policiais vão ouvir a vítima, o autor e testemunhas. Imagens de câmeras que possam comprovar a agressão foram coletadas e a investigação está em andamento”. O caso foi registrado como injúria racial e lesão corporal.